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Por que lifelong learning ou educação para a vida toda é exigência do novo mercado de trabalho?

Educação para a Vida Toda é nova mentalidade para o processo educacional: aprendizado não se restringe ao diploma, mas deve sevir para a vida toda

Por Paulo Reda

O conceito de Lifelong Learning, ou Educação para a Vida Toda, se apoia em quatro pilares fundamentais: Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser.

Essa nova mentalidade referente ao processo educacional parte do princípio de que não basta mais apenas um curso de graduação, mesmo quando complementado por um curso de pós-graduação, mas sim um processo contínuo de aprimoramento e reciclagem. Dessa forma, a educação continuada seria um processo de aprendizado que vai muito além de obter um diploma.

Não basta mais um curso de graduação, complementado por uma pós-graduação, mas sim um processo contínuo de aprimoramento e reciclagem, preconizam os novos conceitos Foto: ADOBE STOCK

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A essa busca de aperfeiçoamento pessoal juntam-se as exigências de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, que busca profissionais que dominem técnicas em várias áreas e se mantenham permanentemente atualizados.

Entre as principais características desenvolvidas pelos profissionais a partir do conceito de educação continuada listadas por empresas de Recursos Humanos estão o desenvolvimento de novas habilidades, o estímulo da criatividade, o domínio de tecnologias e a sede por conhecimento contínuo.

De acordo com José Cláudio Securato, CEO da Saint Paul Escola de Negócios, o conceito de Aprendizado ao Longo da Vida (Lifelong Learning) ganhou impulso por volta de 2010, na esteira da revolução digital. “Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, hoje 50% das pessoas precisam se recapacitar, o que representa 4 bilhões de pessoas.”

Securato enfatiza que, em um mundo que se transforma muito rápido, a ideia de aprender de forma estática perdeu força. Para ele, a primeira dica para quem quer incorporar o conceito de lifelong learning a seu cotidiano é não cair na armadilha do conhecimento abundante.

“Hoje temos um certa ‘obesidade de conhecimento’, com inúmeras fontes disponíveis, podcasts, palestras, muitas vezes gratuitas. Por exemplo, as pessoas conseguem saber o que é inteligência artificial, mas não sabem necessariamente aplicar.”

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Entre as principais características dos novos professionais estão a busca por novas habilidades, o estímulo da criatividade, o domínio de tecnologias e a sede por conhecimento contínuo Foto: ADOBE STOCK

Segundo ele, é preciso diferenciar o saber do conseguir fazer. “Quando vai para o mercado é preciso saber usar esse conhecimento. Desenvolver competências nos temas escolhidos.”

Outra medida importante é procurar cursos profundos nas áreas de interesse. “Não existem milagres. Ninguém vai fazer um curso de fim de semana e adquirir competência na área. Tem vários benefícios na abundância de conhecimento, em nível de aprimoramento pessoal. Mas precisa entender os pontos em que precisa aprimorar e definir uma estratégia”, afirma ele.

Outra dica útil para estabelecer critérios na educação continuada é procurar a ajuda de profissionais especializados na gestão de carreiras e também se aconselhar com os próprios colegas de trabalho. “Hoje, com a proliferação de influenciadores e youtubers, vivemos uma época de entretenimento educacional. Isso faz parte da armadilha do falso aprendizado e acontece em vários campos, com o surgimento de falsas autoridades nos temas”, afirma Securato.

Para Gabriel Campos, diretor da Provendas Consultoria, que também atua como consultor empresarial, headhunter e orientador de carreira, é fundamental que o profissional realize uma revisão e um planejamento da sua carreira pelo menos a cada dois anos. “Não fique parado, se mexa dentro da sua área. Não fazer isso pode passar a impressão de que parou no tempo ou se acomodou. Precisa estar pronto para as mudanças do mercado, em um mundo em que as coisas ficam obsoletas muito rápido”, ressalta.

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Segundo Cláudia Costin, que desde 2020 integra o Institute for Lifelong Learning da Unesco, 3 bilhões de postos de trabalho serão extintos até 2030, substituídos por inteligência artificial e outras formas de automação. “Os postos criados a partir de agora exigirão novas competências. Qualquer pessoa que queira se inserir no mercado terá de se formar novamente, ter nova profissão.”

A psicóloga Letícia Jordani Milaré, que atualmente está aposentada, é um exemplo de profissional que incorporou o conceito de educação para a vida toda a seu cotidiano. “Trabalhei em uma multinacional por quase 15 anos, entrei na área de treinamento e logo percebi que tinha muita coisa para aprender.”

Ela já se formou como coach profissional e está estudando Psicanálise faz dois anos. “Um curso puxa o outro. Eu sempre fui muito curiosa, mas acho que precisa ter um propósito, independentemente da idade. Os mais velhos também precisam se conscientizar dessa necessidade.”

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