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Estudantes acampam na USP em ato contra guerra na Palestina

Cerca de 20 barracas foram montadas no vão dos cursos de História e Geografia da FFLCH, em movimento inspirado nos protestos realizados em universidades americanas. USP não se manifestou

Foto do author Caio Possati
Por Caio Possati

Cerca de 40 estudantes acampam no vão dos cursos de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da Universidade de São Paulo (USP), em defesa dos palestinos e contra os ataques promovidos por Israel na Faixa de Gaza.

O ato, iniciado na tarde desta terça-feira, 7, tem como inspiração os acampamentos organizados nas universidades norte-americanas nas últimas semanas em protesto à ação militar liderada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no território palestino.

Estudantes e movimentos sociais acampam na FFLCH para pedir o cessar-fogo na Faixa de Gaza e que a USP rompa as relações com entidades israelenses Foto: Felipe Iruatã/Estadão

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Uma das reivindicações dos manifestantes da USP é o rompimento de sete convênios que a universidade tem com entidades acadêmicas israelenses, cujas produções científica e tecnológica, segundo o grupo, também é voltada para objetivos militares e de ataques aos palestinos.

Procurada, a USP disse que não tinha nenhuma manifestação a fazer.

O acampamento é organizado e liderado pelo Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino, grupo criado em 2018 e que foi refundado no primeiro semestre do ano passado.

O movimento recebe o apoio de sindicatos, como Metroviários, Sindicato dos Servidores Federais e o Sindusp, e também de partidos políticos a partir de coletivos de juventude.

Vão do prédio da FFLCH está ocupado por barracas, bandeiras da Palestina e faixas em defesa do povo árabe Foto: Felipe Iruatã/Estadão

O estudante João Conceição, do curso de Letras, e um dos que está à frente do movimento, explica que o protesto não pretende atingir a religião judaica. “É um boicote coletivo das universidades e não contra um indivíduo em específico. O protesto é contra universidades que estão a serviço de um projeto militar que tem atacado o povo palestino”, afirma Conceição.

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“Existem judeus que também estão no movimento e que lutam pela libertação da Palestina”, completou o estudante de Letras.

A reportagem esteve no local para acompanhar o acampamento. No vão do prédio, foram observadas bandeiras da Palestina e faixas em defesa do povo árabe de diferentes entidades, entre sindicais e estudantis. Parte dos manifestantes usavam o shemagh (tecido palestino) ao redor da cabeça e em volta do pescoço.

Segundo os organizadores, o acampamento deveria durar até quinta, 9, logo após uma reunião com a Congregação da FFLCH. O encontro, porém, precisou ser desmarcado e a desmobilização das barracas ainda não tem uma data definida.

Protestos nos EUA se espalharam e culminaram com intervenção policial

As manifestações em protesto à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza abalaram os campus universitários nos Estados Unidos nas últimas semanas, provocando medidas contundentes, prisões em massa e uma medida da Casa Branca para restabelecer a ordem.

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Na semana passada, a polícia entrou no campus na Universidade de Columbia, em Nova York, para expulsar um grupo de estudantes que tinham ocupado um edifício e desmantelar o acampamento montado nos jardins da unidade educacional.

Os manifestantes exigiam que a instituição cortasse todos os laços econômicos com Israel e empresas que se beneficiam da guerra, bem como garantissem a transparência financeira.

Na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, protestos entre grupos pró-Palestina e pró-Israel resultaram em brigas e sofreram intervenção policial na virada do mês. A polícia tem sido chamada pelas universidades para conter episódios de violência e manter a circulação do espaço. Ao mesmo tempo, enfrentam o dilema de manter a liberdade de expressão dos estudantes. Em alguns casos, houve também relatos de antissemitismo, como na Universidade de Nova York.

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No City College, em Nova York, a polícia impediu a invasão a um edifício no câmpus. E a Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, chamou a polícia para retirar uma bandeira da Palestina erguida em um mastro. Já na Universidade Brown, manifestantes e a reitoria firmaram um acordo para interromper os acampamentos, marcando o primeiro acordo desde o início dos protestos no país. /COLABOROU GUILHERME GUERRA, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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