SÃO PAULO - Nem tiranossauro rex nem estegossauro. Na terra do Jurassic Park, foram o amazonsauro, o oxalaia e outros dinossauros brasileiros que chamaram a atenção de cerca de 700 crianças entre 8 e 10 anos de Utah, no oeste dos Estados Unidos.
Parte de um programa de ensino bilíngue, alunos de seis escolas estaduais norte-americanas receberam palestras do professor de Paleontologia da Universidade de São Paulo (USP) Luiz Eduardo Anelli. "A maioria conhecia apenas dinossauros (norte) americanos. A ideia foi mostrar que os nossos dinossauros também são maravilhosos", comenta o professor.
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Segundo o cientista, conhecer a pré-história também é uma forma de entender a formação do Brasil hoje."Tão legal quanto os dinossauros brasileiros são os locais para qual eles nos levam: um mundo com um único continente, com um oceano gigante. Depois, os dinossauros viram esse continente ser fraturado, viram o Oceano Atlântico nascer, a América do Sul nascer, viram o clima mudar", explica.
Defensor do ensino de Paleontologia na educação básica, Anelli elogia o interesse das escolas que visitou nos Estados Unidos em falar sobre dinossauros. "Lá, eles estudam muito o passado, convivem com rochas, dinossauros, mudanças de ambientes, dão muita importância para geologia e paleontologia", comenta o professor, que já tinha participado do projeto em 2016.
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No programa, que ocorre em oito escolas desde 2012, as crianças têm aulas em inglês pela manhã e, no contraturno, as matérias são em português - geralmente com professores brasileiros. No quinto ano, essas atividades são voltadas para a área de Ciências.
"A pré-história e os dinossauros nos ajudam a aprender Geografia, a origem das coisas, dos nossos aquíferos, do nosso petróleo, todo o depósito do pré-sal nasceu no tempo dos dinossauros", comenta Anelli. "O que é importante é onde eles nos levam. Os dinossauros foram meus melhores professores, me ensinaram quase tudo o que sei sobre a história do mundo."
Além das aulas, as escolas também adotaram em sua bibliografia alguns livros de Anelli, tais como Dinos do Brasil (editora Peirópolis), ABCDinos (editora Peirópolis) e Almanaque dos Dinossauros (editora Moderna) - os dois em coautoria com a escritora Celina Bodenmüller.
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Segundo Anelli, a história dos dinossauros brasileiros é um "tesouro" que ainda está para ser descoberto pelos próprios brasileiros, embora o País tenha fósseis e marcas da passagem de cerca de 30 espécies diferentes - de uma época em que essa região era um grande deserto. "Temos uma pré-história cheia de dinossauros, vulcões, com impacto de meteoros, mas não exploramos isso, ficamos observando como a 'piscina' dos americanos é legal", compara.
Lançamentos. Celina e Anelli preparam outros quatro livros de ciências para o público infantojuvenil neste ano. Dentre eles, está uma publicação de culinária inspirada na temática dos dinossauros e uma história sobre como funciona uma expedição de paleontólogos. Além disso, Celina está com o projeto de dois livros sobre contos tradicionais latinoamericanos, em parceria com Fabiana Prando.