Os professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) decidiram aderir, a partir de segunda-feira, 29, à greve das universidades e institutos federais, que pedem, junto a demais categorias de servidores públicos federais, por reajuste salarial. Os servidores técnico-administrativos da universidade já se encontram em greve desde 18 de março.
A Reitoria da Unifesp afirma que “respeita o direito de greve de cada servidor(a) e ressalta que está em diálogo com o Comando Local de Greve visando manter a realização das atividades essenciais e imprescindíveis dos setores que possuem servidores(as) em greve, mitigando eventuais prejuízos”.
São 37 instituições de ensino - entre universidades, institutos federais (IFs) e Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) - com docentes em greve, além de pelo menos 70 instituições de ensino com servidores técnico-administrativos paralisados. (Veja lista abaixo)
Os professores de instituições federais pedem que o reajuste salarial seja de 22%, dividido em 3 parcelas iguais de 7,06% em maio de 2024, 2025 e 2026. Já os servidores-técnico administrativos pedem por um reajuste maior, de 34%, também dividido em três parcelas em 2024, 2025 e 2026.
Segundo o sindicato das categorias, os percentuais correspondem às perdas salariais desde o governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, até dezembro de 2023, acrescidas das projeções inflacionárias de 2024 e 2025.
Como contraproposta, o governo ofereceu um reajuste de 9% para 2025, e 3,5% para 2026, mas segue sem ceder para um aumento neste ano, como querem os servidores federais.
Gustavo Seferian, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes da Instituições de Ensino Superior, o Andes, afirma que a proposta será em avaliação pelos sindicatos em assembleias até esta quinta-feira, 25.
“A greve da educação fez o governo se movimentar de uma inércia de meses. Encontrou mais espaço no orçamento e atendeu pedidos que há muito vinham sendo pleiteados pela categoria docente, que sequer arranhavam o erário público. É ainda uma movimentação tímida, mas revela o quanto a greve é meio eficaz na conquista de avanços e vitórias em defesa do serviço público. A crescente de mobilização aponta certamente que há mais que podemos conquistar”, diz.
Fontes ouvidas pela reportagem, porém, apontam uma tendência de rejeição da proposta do governo. Não seria a primeira vez. O governo havia oferecido dois reajustes de 4,5% para os próximos dois anos, mas a proposta foi rejeitada pelo sindicato, que afirmou querer a recomposição salarial ainda em 2024.
Os servidores públicos federais reivindicam também por um “revogaço”, ou seja, a revogação de uma série de leis implementadas nos últimos governos, como as jornadas especiais de trabalho, procedimentos administrativos diante de greve no serviço público, a centralização no INSS das pensões e aposentadorias, e a contrarreforma da previdência social.
Veja a lista de instituições em que docentes estão em greve
- Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
- Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
- Universidade Federal do Ceará (UFC)
- Universidade Federal do Cariri (UFCA)
- Universidade Federal de Brasília (UnB)
- Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
- Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
- Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
- Universidade Federal de Viçosa (UFV)
- Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
- Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
- Universidade Federal do Pará (UFPA)
- Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
- Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
- Universidade Federal de Rondônia (UNIR)
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
- Universidade Federal de Roraima (UFRR)
- Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
- Universidade Federal de Catalão (UFCAT)
- Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)
- Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
- Universidade Federal de Tocantins (UFT)
- Universidade Federal Fluminense (UFF)
- Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
- Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE)
- Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
- Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
- Universidade Federal da Bahia (UFBA)
- Instituto Federal do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS) – campus Pouso Alegre, Campus Poços de Caldas e Campus Passos
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)
- Instituto Federal do Piauí (IFPI)
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste-MG (IF Sudeste-MG) – campus Juiz de Fora, Campus Santos Dumont e Campus Muriaé
- Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense (IFSul) – campus Visconde da Graça
- Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)
Outras instituições de ensino cujos docentes não aderiram à greve também estão com parte de seus serviços paralisados devido à greve de servidores técnico-administrativos, que estão em greve em quase a totalidade de universidades federais do País.
Além disso, outras 11 instituições aprovaram indicativo de greve:
- Universidade Federal do ABC (UFABC), para 30 de abril
- Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), para 1 de maio
- Universidade Federal de Campina Grande - Campus Cajazeiras (UFCG-Cajazeiras), para 1 de maio
- Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), para 1 de maio
- Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), para 1 de maio
- Universidade Federal do Acre (UFAC), para 2 de maio
- Universidade Federal de Lavras (UFLA), para 2 de maio
- Universidade Federal do Sergipe (UFS), para 5 de maio
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), para 6 de maio
- Universidade Federal de Uberlândia (UFU), para 20 de maio
- Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), para 2 de maio