Que escola é melhor? Uma questão sem resposta certa

A escolha deve ser feita em família, respeitando os valores e o estilo de pais e filhos, recomendam especialistas ouvidos pela equipe do 'Estadão.edu'

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Por Tatiana Cavalcanti
Atualização:

Mudar o filho de escola não é uma decisão simples. Para fazer essa escolha, muitos pais tomam por base o desempenho dos colégios no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que foi divulgado no início de agosto pelo Ministério da Educação (MEC). Para esta reportagem foi feito um recorte com as 50 escolas de São Paulo mais bem avaliadas na prova, excluindo aquelas em que menos de 61 alunos participaram no ano passado - veja nesta reportagem especial, com os dez colégios à frente em cada região da capital paulista.

A classificação no exame nacional pode ser um dos critérios levados em conta pela família. Mas o próprio ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, afirmou em agosto, na entrevista de divulgação da lista com o resultados das escolas na prova, que a avaliação serve como um serviço, mas não deve ser o principal aspecto. “Quando um pai vai escolher a escola para o filho, não basta olhar o ranking nu e puro do Enem. É preciso considerar um conjunto de fatores.”

O processo de escolha de uma nova escola deve respeitar os valores e o estilo da família; tudo depende do perfil do aluno Foto: Tas/Estadão

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Uma dica dada pelo ministro na ocasião é verificar como anda a rotatividade de docentes no colégio, por exemplo. “É preciso observar se o professor dá aula apenas naquela escola e se o corpo docente se mantém relativamente igual com o passar dos anos. Essa estabilidade é importante.”

Especialistas garantem que nem sempre o colégio mais bem avaliado no Enem é o ideal para a criança ou o adolescente. O processo de escolha de uma nova escola deve respeitar os valores e o estilo da família. Tudo depende do perfil do aluno.

Enzo Batista Conte, de 12 anos, estudava em uma escola alemã onde aprendia, além desse idioma, inglês e espanhol. Apesar da estrutura e das aulas de qualidade, o aluno não se sentia integrado no colégio. “Percebi que ele estava regredindo em vez de aprender. O Enzo convivia com descendentes de alemães que estudavam ali desde a infância e já tinham aquela cultura enraizada”, diz a contadora Rosimeire Manias Batista, de 40 anos, mãe do garoto. “Ele estava infeliz. Apesar de muito boa, aquela não era uma escola compatível com o perfil dele. Então, decidi que era hora de mudar.” 

Atualmente, Enzo estuda no Colégio Maria Imaculada, no Paraíso, na região central de São Paulo, onde está matriculado desde fevereiro. “Já me sinto adaptado e adoro as aulas de robótica”, conta o menino, que pretende ser engenheiro.

Rosimeire afirma que em um semestre Enzo “progrediu 100%”. “Agora ele também tem aulas de natação e atividades extracurriculares que agregam as famílias. Ele está muito feliz e eu, mais tranquila.” 

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Para escolher a nova instituição de ensino, a mãe visitou escolas perto da região onde mora, analisando a estrutura (laboratório, biblioteca e quadras poliesportivas, entre outros), a limpeza e a educação dos funcionários. “Isso é importante, afinal, eles também vão fazer parte da formação do meu filho.”

A situação descrita por Rosimeire não é incomum. Ter dúvidas faz parte do processo, de acordo com especialistas. Uma das primeiras perguntas que vem à cabeça dos pais na hora de mudar o filho de escola é: qual é a melhor opção?

Devem ser avaliados desde aspectos físicos e operacionais - como a estrutura do lugar e a distância a que fica de casa - até a linha pedagógica e a filosofia do colégio, recomenda Marili Moreira da Silva Vieira, coordenadora pedagógica da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora de Psicologia da Educação no Centro de Educação, Filosofia e Teologia na mesma instituição.

“Normalmente, isso leva um tempo e deve ser feito com um semestre de antecedência, de forma que se possa visitar a escola em vista e envolver o filho no processo.” De acordo com Marili, essa participação do aluno é essencial no ensino fundamental 2 e no médio.

Durante a escolha da escola, os pais podem levar em consideração diferentes critérios. /COLABOROU CAMILA SANTOS, ESPECIAL PARA O ESTADO

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