Os grupos de whatsap lamentavam e as redes lamentavam e tudo era só lamento.
Esse desespero é moda?
Trilha sugerida:
Dois dias atrás, em meio às discussões postei uma das frases mais famosas.
Nessas tretas políticas via internet o pior das pessoas costuma vir à tona. Mas a frase,
a frase resumia tudo e teve likes a torto, à esquerda e à direita.
Brutalmente atual.
E nesse país onde nossa alucinação é viver o dia a dia. Esse país do temer. E a desesperança. E a tristeza. E onde não cabem mais metáforas, tudo é tão simbólico que dói. E tudo é demasiado real. E forte demais que transborda.
Tenho sangrado demais. Chorado pra cachorro. Esse ano eu não.
Eu me barbeava, notava novos fios grisalhos e menos cabelos. Via o tempo. Tentava. Lágrimas escorriam. E lá no canto do reflexo do espelho, lá atrás, você segurava uma foto minha de bebê e tentava também.
O que essa dor quer dizer? Herdada. Deveria ser coisa de papai, seu avô. Nem ele nem eu temos mais cabelos ao vento.
Nossa esperança de jovens não. Depois deles não apareceu mais ninguém.
Não há o que ser dito, muito menos escrito. Talvez só os emojis chorandinho resolvam?
O sinal está fechado.
E precisamos todos.
Apenas,
amar e mudar as coisas nos interessa mais. Sempre.
Eu me apego a isso e te aconselho a fazer o mesmo.
e também,
muito amor e tudo mais.
aprenda o delírio com coisas reais.
Amor,
papai.
Ps: texto escrito no exato instante em que soube da morte de Belchior. Contrariando todo timingjornalístico, por algum motivo, não quis publicar na hora. Publico hoje, por acaso, no dia da morte do gigante, Antonio Candido.
12.05.17