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Lagum lança ‘Depois do Fim’, projeto mais íntimo da carreira: ‘É um álbum de cura’

Integrantes contam bastidores do projeto e narram desafios de reconstruir o grupo após a morte do baterista, Tio Wilson, em 2021

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Por Julia Queiroz
Atualização:

Recomeço, introspecção, caminho, purgatório, conforto e desconforto. Essas são algumas das palavras que os integrantes da Lagum usam para descrever Depois do Fim, novo disco da banda, que chegou às plataformas digitais na madrugada desta sexta-feira, 14.

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O álbum será um projeto visual e conta com 14 faixas, incluindo a já lançada Ponto de Vista, que também faz parte do EP Fim, divulgado em março. As três músicas desse trabalho anterior serviram como uma prévia para a atual fase do grupo, a mais íntima e pessoal desde o início da carreira.

Em entrevista ao Estadão, Pedro Calais, Zani Furtado, Jorge Borges e Francisco Jardim contam que Depois do Fim estava sendo preparado há mais de um ano e reflete as maiores dificuldades que os músicos já passaram enquanto banda, incluindo a morte do baterista Tio Wilson, em abril de 2021, aos 34 anos.

“Esse processo foi longo, mas ele foi no meio de uma grande turbulência da banda, que estava se entendendo como novos quatro integrantes”, diz Zani Furtado, guitarrista do grupo. “Acho que tem muito de cada um ali, em todos os aspectos, tanto emocionais quanto de produção e tudo”.

Para Jorge Borges, também guitarrista, as músicas são um reflexo desse processo. “Esse álbum é como se fosse uma fotografia: capturou a gente nesse momento e, nesse momento, nós somos dessa forma”, explica.

Capa do disco 'Depois do Fim', lançado nesta sexta-feira, 14. Foto: Weber Padua/Divulgação

O disco é o primeiro a ser inteiramente produzido sem a participação de Tio Wilson. O trabalho anterior da banda, Memórias (De Onde Eu Nunca Fui), foi lançado oito meses após a morte do baterista, mas ele ainda havia participado de parte das composições e gravações.

“A gente passou por isso dando tempo ao tempo”, conta o vocalista, Pedro Calais. “Com esse álbum, a gente não tentou procurar outro integrante ou colocar alguém. A gente tem muito que se entender como esses quatro indivíduos ainda e estamos nos encontrando. Cada vez menos, tenho vontade de alguma substituição”.

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Dessa forma, a criação do álbum teve um papel importante na reconstrução do grupo e na conexão entre os integrantes. Calais garante que, “depois de tanta dor, sofrimento e ‘quebração de cabeça’, esse é um depois do fim feliz” para a banda.

Pedro Calais, Francisco Jardim, Jorge Borges e Zani Furtado, integrantes da Lagum. Foto: Weber Padua/Divulgação


Propósito

Em 2022, a Lagum recebeu uma indicação ao Grammy Latino pelo disco Memórias (De Onde Eu Nunca Fui) na categoria “Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa”. É natural que depois desse sucesso e de hits como Deixa e Oi, o grupo sinta certa pressão em um novo lançamento.

Segundo eles, contudo, isso não foi o que aconteceu. Para além das vendas, streaming e prêmios, o grupo afirma que deseja que o disco “chegue nas pessoas certas na hora”.

“Claro que eu quero que ele vá bem em números. [Eles] refletem em vendas de ingresso, em pessoas, mas a minha preocupação pessoal é com a qualidade disso. A gente fez um álbum que tem um propósito. Eu venho falando que, para mim, Depois do Fim é um álbum de cura”, diz Calais.

O vocalista lembra que a produção do disco começou em um período em que sua saúde mental estava bastante abalada. “Escrever fez eu olhar para mim mesmo. E olhar para mim mesmo através das letras me ajudou a recuperar um pouco da minha cabeça, que em certo ponto estava perdida”, explica.

Esse efeito de “cura”, como diz, é o que o cantor espera que o projeto possa criar em outras pessoas: “Esse álbum saindo, eu só quero que ele chegue para as pessoas que possam ser melhoradas assim como eu fui enquanto eu estava fazendo ele”.


*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais

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