Paola Carosella relembra assédio aos 12 anos e fala sobre infância: ‘Foi solitária e triste’

Cozinheira contou fazer terapia há 25 anos; pai de Paola foi diagnosticado com bipolaridade e a mãe, com depressão

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Por Redação
Atualização:

*Alerta: a reportagem abaixo trata de temas como transtornos mentais, assédio e pedofilia, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Se você está passando por sofrimento psíquico, veja ao fim do texto onde buscar ajuda. Para denunciar abusos, além das forças policiais, o governo disponibiliza o disque-denúncia: basta ligar no 180 (Central de Atendimento à Mulher).

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A cozinheira Paola Carosella narrou momentos difíceis que enfrentou na infância em uma entrevista publicada neste domingo, 3, no jornal O Globo. Paola, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, relembrou o assédio que sofreu em um ônibus e a relação com a família: seu pai foi diagnosticado com bipolaridade e a mãe, com depressão.

A cozinheira – ela prefere não ser chamada de chef de cozinha – foi assediada em um ônibus aos 12 anos de idade, quando um homem se masturbou ao seu lado. Questionada sobre “o que aprendeu” com o ocorrido, Paola declarou: “Talvez eu tenha aprendido que a rua é um lugar perigoso”. “Claro que foi violento, a pessoa estava transtornada. Mas não sofri assédios como outras mulheres, tive sorte nesse aspecto”, disse.

Paola Carosella em seu restaurante Arturito. Cozinheira relembrou assédio que sofreu aos 12 anos. Foto: Leo Martins/Estadão

Paola descreveu sua infância como “solitária e triste”, e contou fazer terapia há 25 anos. “Quando penso (na infância), sinto um nó na barriga. Quanto mais terapia a gente faz, mais fácil fica admitir e reconhecer o que não foi legal. Sobretudo porque hoje há o contraste. Tenho um lar de paz, saudável. Minha filha cresce com liberdade, sem loucura”, afirmou.

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A cozinheira ainda disse ter crescido em “uma família disfuncional, autoritária, machista”. Ela contou que não lida mais com o luto pela morte do pai, mas carregou a dor pela perda da mãe “por anos” — a mãe de Paola foi encontrada morta em uma piscina. “Ainda tenho muitos cantos para tirar dos lugares escuros”, disse.

“Há buracos na vida de quem não tem família, sobretudo quando é imigrante. Mas sou guerreira e preenchi esses buracos com amigos, amores e minha filha”, compartilhou Paola, que fez sucesso como jurada do programa Masterchef Brasil, da Band, e atualmente apresenta o Alma de Cozinheira, da GNT. Ela comanda ainda o restaurante Arturito e a rede La Guapa.

Onde buscar ajuda

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa situação, veja abaixo onde encontrar ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV)

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Se estiver precisando de ajuda imediata, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), serviço gratuito de apoio emocional que disponibiliza atendimento 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

Canal Pode Falar

Iniciativa criada pelo Unicef para oferecer escuta para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. O contato pode ser feito pelo WhatsApp, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

SUS

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Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) voltadas para o atendimento de pacientes com transtornos mentais. Há unidades específicas para crianças e adolescentes. Na cidade de São Paulo, são 33 Caps Infantojuventis e é possível buscar os endereços das unidades nesta página.

Mapa da Saúde Mental

O site traz mapas com unidades de saúde e iniciativas gratuitas de atendimento psicológico presencial e online. Disponibiliza ainda materiais de orientação sobre transtornos mentais.

NOTA DA REDAÇÃO: Suicídios são um problema de saúde pública. Antes, o Estadão, assim como boa parte da mídia profissional, evitava publicar reportagens sobre o tema pelo receio de que isso servisse de incentivo. Mas, diante da alta de mortes e tentativas de suicídio nos últimos anos, inclusive de crianças e adolescentes, o Estadão passa a discutir mais o assunto. Segundo especialistas, é preciso colocar a pauta em debate, mas de modo cuidadoso, para auxiliar na prevenção. O trabalho jornalístico sobre suicídios pode oferecer esperança a pessoas em risco, assim como para suas famílias, além de reduzir estigmas e inspirar diálogos abertos e positivos. O Estadão segue as recomendações de manuais e especialistas ao relatar os casos e as explicações para o fenômeno.

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