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O melhor remédio para cada pessoa

Entrevista com Evelin Goldenberg, professora da UNIFESP

Por Agencia Estado
Atualização:

A fibromialgia é uma doença nova? Não. Na Bíblia, por exemplo, existem alguns relatos que sugerem a doença. Com os tempos, a fibromialgia já se passou por várias doenças. Acreditava-se que a pessoa que apresentava os sintomas sofria de problemas psiquiátricos. E desde quando passou a ser classificada como a conhecemos hoje? Em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia formulou os critérios de classificação e diagnóstico da doença. Qual o melhor tratamento para a fibromialgia? Não existe um melhor remédio, existe um melhor para cada pessoa e cada tipo de fibromialgia. Como assim cada tipo? Em alguns casos, predominam sintomas físicos. E, dentro desses sintomas físicos, a pessoa pode reclamar mais de dor, fadiga, formigamento. E existem também os casos em que predominam sintomas psicológicos, como a depressão. Por que a fibromialgia é tão difícil de ser tratada? Porque a doença é difícil, os pacientes são difíceis. Muitos médicos não dão credibilidade às reclamações. Alguns não acreditam na doença e pedem exames laboratoriais caros, porque querem ver o laudo alterado, querem ver que a doença está no exame laboratorial ou na ressonância magnética. Qual a forma correta de tratar o paciente com fibromialgia? Primeiro, é preciso fazer um inventário completo da vida da pessoa, não apenas físico, mas também emocional e social.O médico, de preferência um reumatologista, deve adotá-lo, no sentido de oferecer apoio irrestrito à pessoa. Eles só devem ser encaminhados à outro médico no caso de um desordem muito específica, como uma depressão ou um problema gastrointestinal. E isso se o reumatologista não for capaz de ajudá-lo a melhorar naquele sintoma. Os médicos que tratam fibromiálgicos devem se especializar cada vez mais. Eu fui aceita eu um curso de psicanálise, por exemplo. Consultas rápidas não ajudam este tipo de paciente. Dar atenção é a única forma de fazer o tratamento dar certo. Existe algo que desencadeia a fibromialgia? Sim, geralmente traumas emocionais, que podem ter aparecido na infância, quadros virais ou acidentes automobilísticos que tenham evoluído para um quadro de chicote cervical, quando, após o acidente o pescoço vai para a frente e para trás. Como a doença é diagnosticada? Através da procura de pontos dolorosos espalhados pelo corpo. Ao contrário do que muita gente pensa, estes pontos devem ser apalpados e não espetados com uma agulha. Se 11 dos 18 pontos estiverem sensíveis à pressão, a pessoa tem fibromialgia. O problema, hoje afeta de 3% a 5% da população. E, deste percentual, de 70% a 90% são mulheres. Por que mulheres sofrem mais com a síndrome? As mulheres sentem mais dor e acredita-se que isso aconteça por questões hormonais, ligadas ao estrógeno. Além disso, as mulheres produzem menos serotonina, que poderia ajudar a evitar a dor e a depressão.

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