Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser. Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro. Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser".
Segundo, para mostrar o quanto - sem perceber - sentimos saudade das coisas, das pessoas, dos sentimentos e até dos cheiros.
Clarice começa este texto de forma intensa. Mostrando que tudo o que marcou em sua vida, que foi importante, deixa saudades. É normal que a nostalgia depois de bons anos vividos invada nossos sentimentos. Dizer que algo é bom só porque ficou no passado é mania do ser humano e, às vezes, há razão de ser.
Reviver momentos felizes, se alegrar com pessoas que conhecemos e até reviver emoções do passado são salutares.
Mas quando a escritora diz que tem saudade até do futuro, penso o quanto somos autores da nossa vida e do quanto podemos fazer hoje para colher amanhã. Esta é a fonte da longevidade. É preciso se preparar um pouco a cada dia no presente para, no futuro, ter saudades apenas das coisas que foram concretizadas e não daquelas que deixamos de fazer.
Não lamente, como Clarice, das coisas boas que perdemos ao longo de nossa existência. Apenas sinta saudades e realize novas conquistas para, no futuro próximo, serem lembradas como escolhas certeiras e saudáveis. Viva o hoje, se alegre com o ontem e celebre o amanhã. Viva mais e melhor.