Dizer que a seleção brasileira jogou um bom futebol contra o Uruguai, um futebol que faz muito tempo não se via, é chover no molhado.
A bola apresentada em Manaus foi de alto nível, merece aplausos e, sobretudo, reconhecimento depois de tanta paulada no lombo que jogadores e comissão técnica levaram nos últimos jogos, e nos últimos meses.
O melhor de tudo, o aspecto que não pode ser deixado de lado, entretanto, foi o comportamento.
A vontade com que o time jogou, a gana de dar uma resposta aos críticos -e até para eles mesmos, que no íntimo sabiam que não estavam fazendo o que podiam - e o prazer como o time jogou são aspectos relevantes.
Claro que a personalidade e o ótimo futebol do recém-descoberto Raphinha, as pazes de Neymar com seu bom jogo, a dedicação tática de Paquetá, o bom desempenho de um Fred jogando mais adiantado, a solidez defensiva, e por aí vai, merecem ser destacados.
O mais importante, porém, foi que a seleção brasileira mostrou o espírito que se espera de uma seleção brasileira.
Nem sempre o futebol será tão brilhante, nem sempre o gol vai sair tão cedo para dar tranquilidade, nem sempre o adversário, seja qual for, vai se mostrar tão frágil defensivamente.
Nem sempre vai ser fácil, e haverá novos momentos em que Tite vai ser infeliz nas escolhas técnicas e táticas, que Neymar não vai estar bem...
Faz parte. É compreensível.
O que torcida e crítica não admitem é um futebol chato, sem imaginação e criatividade, preguiçoso, de má vontade mesmo, com desculpas esfarrapadas - em Manaus estava tão quente como em Barranquilla -, como vínhamos assistindo.
Nos últimos tempos, tornou-se comum jogadores reclamando do tratamento que recebem quando estão na seleção, "defendendo a pátria".
Contra o Uruguai, eles mesmos mostraram como acabar com isso. É só não esquecerem a "fórmula".