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Beisebol atrai curiosos, mas ainda esbarra em limitação étnica

Popular nos Estados Unidos e caribe, o esporte ainda não empolga os brasileiros fora da comunidade asiática

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Por Redação
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Esporte popular nos Estados Unidos e no Caribe, o beisebol ainda não superou os estrangeirismos e o confinamento étnico para cair no gosto dos brasileiros. Do público que testemunhou a República Dominicana arrasar o Brasil por 14 a 2 na manhã nublada desta segunda-feira nos Jogos Pan-Americanos, metade era formada por descendentes de japoneses e a outra por curiosos.  Veja também: Confira o quadro de medalhasConheça mais sobre o beisebol No segundo grupo estava Diego Pensado, 21 anos, que disse assistir a alguns jogos da liga norte-americana pela televisão e conhecer um pouco do esporte, "embora não todas as regras". Para ele, o beisebol enfrenta dois problemas para se firmar como esporte no Brasil. "Primeiro ele exige uma infra-estrutura grande e é difícil alguém investir. Depois, ele não é um jogo muito movimentado e o brasileiro não se identifica", analisou. "O beisebol é muito complexo, e qualquer esporte só se desenvolve no Brasil se a seleção for boa", completou Ana Beatriz Guerra, bandeira brasileira às costas, que acompanhava Diego na Cidade do Rock, onde foram montados dois campos de beisebol. A derrota para a República Dominicana funcionou como uma ducha de água fria para os torcedores. O Brasil estreara vencendo a Nicarágua e uma nova vitória deixaria a equipe em boa posição. "Foi uma partida ruim. Se ganhássemos estaríamos quase nas semifinais", lamentou o terceira base Ronaldo Ono, que não perdeu o otimismo, mesmo tendo como próximo adversário os Estados Unidos. "Quase derrubamos eles por duas vezes no Pré-Olímpico do ano passado e a equipe era melhor da que está aqui." Termos e explicações Traduzir o beisebol para leigos foi apontado como necessidade pelo jornalista Luis Jardim, 29 anos, que foi ao jogo por sugestão da namorada, Fernanda, que acha o esporte interessante. Vestindo uma camisa do Vasco, Luis Jardim disse que dá para perceber um pouco o que se passa no campo pela reação dos jogadores. "Poderia melhorar se a organização distribuísse folders explicativos e o narrador comentasse as jogadas", sugeriu, avaliando que os brasileiros comparecem mais pela festa. Luis e Fernanda conseguiam acompanhar as jogadas com as dicas da amiga cubana Xenia, que conhece bem o esporte e o considera elegante. Para ela seria legal se os brasileiros apreciassem mais o beisebol. "Romperia esse monopólio do futebol, que é muito exagerado e gera até violência." Xenia estava acompanhada do músico carioca Cid Mesquita, que descarta que os termos estrangeiros do esporte sejam obstáculo para sua consolidação no Brasil. "Já existem algumas traduções, como pegador e rebatedor, e a outros a gente se acostuma. A gente usa set, game, então isso é relativo." Sorte teve o engenheiro Marcos Ueda, ex-jogador de beisebol na década de 1970, que veio de São Paulo especificamente para acompanhar o esporte e conseguiu levar uma bola de lembrança. Enquanto registrava na bola o jogo a data e o evento, contava de sua sorte. "Tenho uma bola que peguei num jogo do Detroit Tigers. Segundo amigos americanos, isso é muito difícil. Tem gente que frequenta o beisebol há 15 anos e jamais conseguiu pegar uma. Eu peguei logo na primeira vez que fui a um jogo da Major League." Ueda avalia que para se popularizar, o beisebol precisa mudar sua estrutura de organização e romper a barreira étnica, que o limita a um esporte da colônia japonesa. "Do jeito como é praticado, o beisebol é muito sacrificante, pois compromete o tempo das pessoas, que acabam desistindo. Precisaria haver uma temporada de quatro meses, deixando o resto do tempo livre", propôs. O outro obstáculo, segundo Ueda, é que a prática do beisebol fica muito concentrada na colônia japonesa. "A família participa, as mães preparam o almoço, é quase uma religião. Isso faz com que fique restrito. Para massificar tem que sair do gueto", afirmou.

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