PUBLICIDADE

Publicidade

Com uns parafusos a mais, Petrúcio tenta superar seu próprio recorde nos 100m

Brasileiro passou por duas cirurgias no maxilar no início do ano após saltar em rio e estraçalhar o queixo em uma pedra

Por João Prata
Atualização:

Petrúcio Ferreira disputará nesta terça-feira nos Jogos de Lima a prova em que é especialista, os 100m livre do atletismo. O brasileiro tem o recorde parapan-americano e mundial da modalidade na classe T47 (amputados membros superiores). O primeiro, conquistado em Toronto-2015, ao correr em 10s77, e a principal marca da carreira, alcançada no Mundial de Paris-2018 (10s50).

A tentativa de se superar virá com o atleta recém-recuperado de um grave acidente sofrido no dia 2 de janeiro. Petrúcio foi pular de um rio em sua cidade, São José do Brejo Cruz, no interior da Paraíba, enfiou o queixo em uma pedra e estraçalhou o maxilar. Para a reconstrução do rosto, passou por duas cirurgias que lhe renderam oito placas e 35 parafusos. "Tudo em titânio. Ainda consigo passar na porta giratória do banco sem apitar", brincou em entrevista ao Estado.

Petrúcio Ferreira faturou o ouro nos 400m livre em Lima. Foto: Douglas Magno / EXEMPLUS / CPB

PUBLICIDADE

A lesão não foi brincadeira, lhe rendeu algumas cicatrizes em volta da boca e fez Petrúcio repensar a maneira como levava a vida. "Até então achava que pudia ser uma pessoa normal, chegar no interior da Paraíba, tomar banho de rio... mas não sou. Quebrei meu rosto no mergulho. Cheguei a pensar depois das cirurgias que não voltaria a tempo para o Parapan. Mas voltei a treinar três meses depois e consegui o índice, fiquei muito feliz e agora estou aqui", disse.

Petrúcio estreou no Parapan de Lima no domingo e conquistou o ouro nos 400m, uma prova que é nova para ele. O atleta passou a treinar esse percurso mais longo somente depois de se recuperar do acidente. "Cheguei de penetra nos 400m e deu certo, mas sem descartar minha especialidade, que é os 100m." 

As dificuldades para o atleta em 2019 não pararam por aí. Logo após retomar os treinos em São Paulo, ele levou outro baque com a morte do primo que vivia em sua cidade, no interior da Paraíba, vítima de leucemia. "Era como se fosse um irmão, sabe. Me abalou muito. A medalha nos 400m dediquei a ele e a meu sobrinho que nasceu. Isso é muito especial para mim. Vida de atleta nem sempre é alegria. Ele era como um irmão, crescemos juntos. Para chegar aqui não foi fácil", comentou.

Nesta terçap-feira Petrúcio disputará a semifinal dos 100m e do revezamento 4x100m livre. A final das duas competições acontecerá na quarta-feira.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.