PUBLICIDADE

Publicidade

Devido ao coronavírus, atletas brasileiros têm dificuldades na Itália

Estrelas como o velejador Robert Scheidt e os jogadores de vôlei Bruninho e Leal estão no país com mais mortes no mundo

Foto do author Raphael Ramos
Por Paulo Favero e Raphael Ramos
Atualização:

Nenhum país está sofrendo tanto com a pandemia do novo coronavírus como a Itália, que já superou a China em número de mortos por causa da doença. Entre os atletas brasileiros que estão no país, três importantes nomes têm enfrentado limitações para se preparar para os Jogos de Tóquio, mesmo sem saber se a Olimpíada será de fato realizada em julho. Os jogadores de vôlei Leal e Bruninho, assim como velejador Robert Scheidt, estão morando lá.

O cubano naturalizado Yoandy Leal e Bruninho jogam no Lube Civitanova, clube da província de Macerata. Depois de ficarem impedidos de sair de casa, eles conseguiram fazer musculação na academia do clube após acordo com o governo local. A liberação, no entanto, só foi feita mediante uma série de restrições. “Tudo é cheio de precauções e medidas sanitárias. Apenas dois atletas entram na sala de musculação e têm de ficar a uma distância de quatro metros. Enfim, não está sendo fácil”, contou Leal.

Robert Scheidt vive na Itália, país mais afetado pela pandemia do novo coronavírus Foto: Gintare Scheidt

PUBLICIDADE

Os dois até tentaram voltar para o Brasil, mas foram impedidos pelo Civitanova. “Eu e o Bruno entramos em contato com o clube para que pudéssemos sair e ir ao encontro de nossas famílias. Mas o clube não nos autorizou. Teremos de ficar aqui e enfrentar essa difícil situação diariamente. Queria ir para casa porque acredito que seria o melhor. Estar sozinho, sem poder por mais de 40 dias fazer nossas atividades regularmente, é muito difícil, principalmente por causa das incertezas do futuro”, disse o atleta.

Sobre a realização dos Jogos Olímpicos em Tóquio, o jogador se mostra dividido. “Espero que os dirigentes tomem a melhor decisão. Gostaria que fossem realizados já que é o principal evento de esporte do mundo e eu teria a chance de fazer parte. Mas, ainda sim, com esse vírus penso que o ideal seria esperar até que seja seguro sua realização”, comentou.

O bicampeão olímpico Robert Scheidt mora em Torbole, no lado norte do Lago di Garda, com a mulher, Gintare, e os dois filhos, Erik e Lukas. A cidade não tem registrados casos de coronavírus, mas as atividades do velejador também estão bastante restritas. “Tenho feito exercícios em casa e tenho acesso a uma pequena academia, onde consigo manter minha preparação física, com musculação, bicicleta ergométrica e alguns exercícios específicos para a prática de vela. Mas estou limitado a isso. Não tenho mais como praticar natação, pois a piscina coberta está fechada. Pedalar ao ar livre e velejar também não está permitido”, disse.

Scheidt não cogita neste momento retornar ao Brasil, pois existe o risco de não conseguir voltar e, mesmo se tiver êxito, terá de ficar em quarentena. Enquanto isso, dá continuidade aos treinos com foco em julho, já que os Jogos de Tóquio estão mantidos para a data original. “É uma decisão bem difícil, mas a prioridade número um é a saúde dos atletas e de todos que estão envolvidos com os Jogos Olímpicos. Acredito que essa vai ser a diretriz do COI (Comitê Olímpico Internacional). Antes de qualquer outro interesse vem a saúde. Vamos ver o que vai acontecer no próximo mês e como se desenrolará tudo isso. Nesse período, vamos continuar nossas vidas pensando que os Jogos Olímpicos serão em julho”, avisou.

A Itália tem sido bastante afetada pela pandemia do novo coronavírus. É o país com mais mortes no mundo, com um total de 5.476, e 59.138 casos. Em muitas regiões a situação é dramática e o país decretou quarentena em todas as localidades para tentar diminuir a expansão do vírus na população.

Publicidade

Lutadora volta ao País e comemora vaga em casa

Milena Titoneli voltou do Pré-Olímpico com sua vaga no taekwondo para os Jogos de Tóquio, mas nem pôde comemorar direito por causa das restrições para quem retorna ao Brasil. “Graças a Deus conseguimos voltar para casa porque corríamos o risco de nem conseguir pegar o voo de volta por causa do coronavírus. Foi tudo tranquilo, mas ainda não consegui comemorar a vaga com meus companheiros de equipe e família”, contou a lutadora.

Ela recebeu diversas recomendações e tem mantido contato diariamente com o médico Thalles Messora, de sua equipe, a Two Brothers Team. “Tivemos todos os cuidados necessários.

 

Quatro perguntas para: Rogério Sampaio, diretor-geral do COB

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

1. Como o COB está lidando com o retorno de atletas de fora do País? A preocupação do COB, em primeiro lugar, é com a saúde e integridade física dos atletas e suas comissões técnicas. Foi feito um levantamento dos atletas brasileiros que estão fora do país, seja em treinamentos ou que foram para competições. Vários são residentes no exterior e optaram por permanecer lá. Estamos monitorando os que retornam ao Brasil quanto aos possíveis sintomas e reforçando para que sigam as recomendações e as precauções indicadas pelos órgãos de saúde.

2. Quantos atletas estão fora do Brasil neste momento? Atletas de 32 esportes olímpicos (incluindo verão e inverno) residem ou estão em treinamentos no exterior, segundo o que foi apurado junto às confederações brasileiras na última semana.

3. Como é essa quarentena de quem retorna do exterior para o Brasil? O termo correto é monitoramento. Orientamos que os atletas se mantenham isolados e, se demonstrarem os sintomas, reforçamos que sigam todas as orientações repassadas pelos órgãos de saúde.

Publicidade

4. O quanto essa pandemia pode atrapalhar a campanha na Olimpíada? É prematuro falar da campanha em Tóquio. Neste momento, estamos falando da preparação dos atletas já classificados ou buscando qualificação, que certamente foi afetada. Seja no aspecto físico, técnico, mas principalmente emocional. É um momento de muitas incertezas e informações, que temos de manter a calma.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.