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‘A questão não foi levada a sério o suficiente’, diz jogador italiano com coronavírus

Alessandro Favalli, segundo atleta na Itália a contrair o COVID-19, relata seu sentimento e dificuldades com a doença

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Por Redação
Atualização:

A Itália sofre com o novo coronavírus (COVID-19) e é considerada, atualmente, o novo epicentro da doença, que surgiu em Wuhan, na China, no final de 2019. O país possui o segundo maior número de casos registrados e a maior taxa de letalidade do vírus. De acordo com mais recente levantamento, 3.405 pessoas morreram em decorrência da doença. O primeiro caso registrado do novo coronavírus no país aconteceu no final de janeiro e, naquela época, Alessandro Favalli, recém contratado zagueiro do Reggio Audace, de 27 anos, não tinha ideia que se tornaria o segundo jogador do futebol italiano a contrair a doença.

Em entrevista à BBC Sport, o atleta relatou quais foram seus primeiros sintomas e sua reação imediata perceber que poderia estar com a doença. Vale lembrar que, no momento, o Campeonato Italiano não havia sido suspenso.

Alessandro Favalli está com coronavírus Foto: Reuters

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“Acordei na segunda-feira, 2 de março, me sentindo desconfortável. Eu estava com febre, dor de cabeça e meus olhos estavam ardendo. Eu já tinha sintomas durante a noite, tremendo de frio. Suspeitei. Eu já tinha gripe em janeiro. Liguei para minha família e todos tiveram os mesmos sintomas. Jantamos juntos alguns dias antes. O coronavírus já era grande naquele momento na mídia e pessoas já haviam sido infectadas na minha área, eu tive imediatamente o que todos nós tínhamos ", afirmou o jogador, por telefone, ao portal.

O resultado do teste foi divulgado, confirmando a infecção por COVID-19, no dia 6 de março. O atleta contou que, imediatamente, se isolou dentro de seu quarto para não colocar sua esposa, Miriam Favolli, em risco. Para o atleta o isolamento mental é bastante difícil.

“Miriam não tinha sintomas. Eu não queria machucá-la. Eu nunca tive um problema com meu apetite, eu sempre podia comer. Eu não podia provar ou cheirar nada, mas eu sabia disso pela gripe comum também", reportou o atleta e prosseguiu: “O isolamento é mentalmente bastante difícil. Estou acostumado a uma vida mais social. Vivo com minha esposa, tenho minha família e amigos aqui na área. Treino todos os dias com companheiros de equipe”.

Somente no dia 10 de março, os atletas tiveram que se auto isolar. Na data, o futebol italiano, que acontecia sob portões fechados há cinco dias, foi oficialmente suspenso.

“Eu estava envolvido pessoalmente e fiquei surpreso ao ver clubes e ligas profissionais querendo continuar jogando. Mesmo fazendo isso a portas fechadas, foi uma decisão errada. Um jogador também tem uma vida pessoal, ele pode ser infectado fora do campo e levá-lo para dentro. Acho que a questão não foi levada a sério o suficiente. Tenho certeza de que se um jogador da Série A tivesse testado positivo, naquele momento, ele teria parado imediatamente. A única coisa que conta é combater esse vírus juntos, ser responsável e ficar em casa. Espero que possamos começar a jogar novamente em breve, mas isso é secundário e é bastante difícil de imaginar agora”, concluiu Favolli.

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No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) suspendeu, por prazo indeterminado, todas as competições nacionais sob sua coordenação, na última segunda-feira (16), quase um mês após o primeiro caso ser registrado no país. As demais federações seguem, por conta própria, suspendendo, ou não, os campeonatos estaduais.

Entre os Estaduais, as principais competições estão suspensas, a exemplo do Mineiro, Paulista, Carioca e Gaúcho. Alguns estão mantidos, mas sem público: Mato Grosso do Sul, Amapá, Paraíba, Roraima, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Os clubes Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo decidiram interromper as atividades em seus centros de treinamentos. Copa do Nordeste também foi suspensa por tempo indeterminado. 

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