Reginaldo Castro/Lancepress SEM RUMO - Adriano deixa o CT da Barra Funda após atraso de 28 minutos; jogador causa confusão e irrita a diretoria do São Paulo, que pensa em sua dispensa; futuro incerto para o atacante SÃO PAULO - O jeito bom moço de Adriano até que durou. Fazia tempo que o atacante não recaía nos erros que o tiraram da Inter de Milão e o levaram a se refugiar no São Paulo. Ontem, a vida de bom menino foi desmascarada, e o Imperador voltou a aprontar das suas. Foram cinco deslizes em 24 horas. Veja também: Adriano: do apogeu à ameaça do ostracismo Adriano atrasa no treino e ameaça bater em fotógrafo Porsche de Adriano se envolve em acidente em São Paulo Adriano foi multado em 40% do salário que o São Paulo que lhe paga (R$ 160 mil, o que significa que terá um desconto de R$ 64 mil; a Inter lhe paga mais R$ 380 mil por mês) e corre risco de ter seu contrato rescindido na manhã deste sábado, quando terá uma reunião com o presidente Juvenal Juvêncio no CT, juntamente com o seu empresário, Gilmar Rinaldi. "Temos de dar aquele prazo de 24 horas para ele esfriar a cabeça. Não adianta só multar. O dinheiro não vai fazer diferença. Vamos pensar no que aconteceu e definir o que fazer com ele", disse o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha. "O que queremos dele é comprometimento. Dentro de campo ele está se esforçando. O problema é que o Adriano não consegue se livrar de alguns hábitos que tem fora de campo." O inferno astral do atacante começou quinta-feira no desembarque do São Paulo vindo da Colômbia. Ele não estava com o uniforme do clube (primeiro deslize) e o fato repercutiu mal. E não parou nisso. Às 4h45 da manhã desta sexta-feira, o administrador de empresa Aloísio Ferreira, 41 anos, bateu o Porsche Cayenne S do jogador contra um Ford Ka no cruzamento da avenida Paulista com a rua Pamplona, nos Jardins (segundo deslize). Adriano não estava no carro, mas havia com o motorista (seu amigo) três mulheres. No outro carro, o Ka, havia quatro amigas, duas delas jornalistas. Duas precisaram ser atendidas em hospital da região com ferimentos leves. "Ele atravessou a Paulista (sentido Consolação) no farol vermelho. Estava verde pra nós. Foi na delegacia, no 78.º DP, que se descobriu que o carro era do tal jogador Adriano. Ele não estava no carro", contou Maria Tereza Moraes. Para a Secretária de Segurança Pública, o acidente era mais um na estatística do trânsito de São Paulo. E que um dos carros envolvidos pertencia a um tal Adriano Leite Ribeiro. Ainda segundo relato de Maria Tereza, o motorista do carro do atleta "foi bastante prestativo." No Boletim de Ocorrência, contudo, Aloísio Ferreira disse que quem passou em sinal fechado foi o Ford Ka. "Eu não estava lá. Não posso dizer o que aconteceu, mas é estranho estar com o carro do jogador a essa hora", disse Marco Aurélio Cunha. "Fizemos de tudo para recuperar o Adriano. Esse é o posicionamento do presidente Juvenal Juvêncio." MAIS CONFUSÃO De cabeça cheia e talvez sem ter dormido direito por conta do acidente com seu Porsche, Adriano atrasou 28 minutos na apresentação para o treino da manhã (terceiro deslize). Borges e Hugo também atrasaram. Ocorre que o passado de Adriano o condena. E ele terá de conviver sempre com isso. Chegou atrasado, disse que estava com dores na coxa e foi para o Reffis ao invés de ir para o campo. De lá, saiu sem completar o trabalho e sem autorização (quarto deslize). "Ele não foi dispensado", confirmou Marco Aurélio Cunha. E por fim, o Imperador ameaçou bater num repórter-fotográfico que registrava sua saída do CT (quinto deslize). "O Adriano tem esse tipo de dificuldade de relacionamento. Mas aqui só fica quem se sente bem. Se não for assim, é melhor não ficar", disse Marco Aurélio, que considerou o comportamento do atacante "completamente impróprio e inadequado". Se sair do São Paulo, deverá ficar parado até o meio do ano. O técnico da Inter, Roberto Mancini, já disse ao presidente Massimo Moratti que não conta com ele.
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