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Após suspensão de processo, Ronaldinho deixou o Paraguai aos gritos de 'não se vá'

Sexto capítulo da série de reportagens sobre a prisão do ex-jogador mostra que, apesar de ser considerado culpado, brasileiro precisou apenas pagar uma multa

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Foto do author Raphael Ramos
Por Raphael Ramos
Atualização:

O sexto e último capítulo da série de reportagens feita pelo Estadão sobre o período em que Ronaldinho Gaúcho ficou preso no Paraguai, acusado de usar passaporte falso para entrar no país, mostra como o ex-jogador conseguiu o direito de voltar ao Brasil depois de passar 171 dias detido em Assunção junto com o seu irmão Assis. A sorte dos brasileiros começou a mudar no início de agosto, quando o Ministério Público do Paraguai mudou de posição e pediu a suspensão do processo.

No dia 24 de agosto, então, foi realizada a audiência que definiu que os dois eram culpados e, por isso, foram condenados. A pena, no entanto, foi suspensa e os brasileiros precisaram apenas pagar uma multa.

Ronaldinho Gaúcho desembarca no Rio após meses preso no Paraguai. Foto: Wilton Junior/Estadão

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CAPÍTULO 6

Sexta-feira, 7 de agosto. O Ministério Público do Paraguai anuncia que apresentou um pedido solicitando a suspensão do processo contra Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão Assis. O MP também solicitou o pagamento de uma multa de US$ 200 mil (pouco mais de R$ 1 milhão), sendo US$ 90 mil (R$ 487 mil) referentes a Ronaldinho e mais US$ 110 mil (R$ 542 mil) de Assis. O valor seria descontado da fiança de US$ 1,6 milhão (aproximadamente R$ 8,5 milhões) que ambos pagaram em abril para ganhar o direito de deixar um presídio e ir a um hotel no centro de Assunção para cumprir a prisão domiciliar.

O pedido do MP foi comemorado pela defesa de Ronaldinho após sucessivas derrotas na Justiça do país vizinho. No mês anterior, por exemplo, a Quarta Corte de Apelação de Assunção havia rejeitado recurso que questionava a maneira como o processo vinha sendo conduzido.

Os promotores investigavam suposta participação de Ronaldinho e o irmão em uma organização criminosa especializada em falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. Desde o início das investigações, os brasileiros alegavam que foram enganados e não sabiam que os passaportes tinham sido adulterados. Dezoito pessoas foram indiciadas por envolvimento no caso.

No dia 24 de agosto, então, em uma audiência com a presença de Ronaldinho e do irmão transmitida ao vivo pela TV Justiça do Paraguai, o juiz Gustavo Amarilla acatou o pedido do MP e os brasileiros ficaram livres para retornar ao Brasil. A audiência também apontou que Assis foi o responsável pelo fornecimento das fotos para a produção de documentos falsos, enquanto Ronaldinho não teria conhecimento do ato. Por isso, a multa de Assis foi maior. Ainda ficou acertado que os brasileiros receberiam de volta US$ 1,4 milhão (R$ 7,4 milhões), valor equivalente à diferença da fiança de US$ 1,6 milhão que haviam depositado em juízo em abril e a multa de US$ 200 mil.

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Dois dias depois, Ronaldinho e o irmão, enfim, voltaram para o Brasil. Ao sair do Hotel Palmaroga, os dois pagaram uma conta de mais de US$ 100 mil (R$ 530 mil) referentes às 140 diárias em que permaneceram no local. Quando o portão da garagem do hotel abriu e despontou o automóvel BMW azul com Ronaldinho no banco do passageiro, dezenas de fãs se amontoaram em cima do carro. “Ronaldinho não se vá, não se vá”, gritavam alguns torcedores.

Após certa dificuldade, o motorista conseguiu partir rumo ao Aeroporto Silvio Pettirossi, em Luque, nos arredores de Assunção. Em meio às restrições de viagens impostas pelo governo do Paraguai devido à pandemia da covid-19, Ronaldinho e o irmão receberam uma autorização especial para embarcar em um voo fretado rumo ao Rio de Janeiro.

Duas horas depois, já no aeroporto do Galeão, o ex-jogador surgiu vestindo uma extravagante roupa da grife Dolce & Gabbana avaliada em R$ 12 mil. De óculos escuros e com a máscara incorretamente abaixo do nariz, Ronaldinho foi cercado por jornalistas, mas driblou a imprensa e nada falou. Terminava ali o período mais conturbado da vida de um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro.

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