A invencibilidade de três jogos do Palmeiras acabou com um duro choque de realidade no Pacaembu, diante de um Santos que precisou apenas acelerar a partida para bater o rival por 3 a 1 e manter vivas as chances de chegar ao G4. Ao Alviverde ficou o alerta de que é preciso continuar somando pontos para que o fantasma do rebaixamento não volte a assombrar.
As três vitórias consecutivas foram importantes para tirar a corda do pescoço do Palmeiras, mas ajudaram a criar em alguns a impressão de que o time vivia apenas uma fase de intensa turbulência. Trata-se de uma meia-verdade: o time, de fato, não é o circo de horrores que fatalmente naufragaria rumo à Série B, mas passa longe de ser confiável e ainda deixará seus torcedores com cabelos a menos.
Muito disso deve-se à fragilidade da defesa, que já expõe suas fissuras contra adversários menores. Ao encarar um ataque leve e qualificado como o do Santos, só um milagre evitaria que Lúcio e Tobio não levassem a pior no confronto.
A sorte alviverde começaria a ser escrita aos 38 minutos, quando Lucas Lima achou Geuvânio e o santista fez Lúcio comer poeira para abrir o placar. Até aquele momento, o Palmeiras encurralava o adversário e explorava especialmente as jogadas pelo lado direito, às costas de Mena. Faltou, no entanto, poder de conclusão e Aranha acabou pouco incomodado mesmo com a superioridade inicial dos donos da casa.
Mas se o primeiro golpe fez o Palmeiras ficar grogue, Gabriel mandou o rival à lona aos 41, após cobrança rápida de falta de Lucas Lima que pegou a defesa desprevenida. Mena rolou e o 10 alvinegro deu a segunda estocada apenas três minutos depois de aberto o placar.
O que era para ser um recomeço no segundo tempo virou irritação quando Gabriel, logo aos três minutos, aproveitou nova enfiada nas costas de Lúcio para transformar a partida em passeio. Alguns torcedores até foram embora, mas a maioria ficou para entoar um rito que misturava fé e masoquismo, já que o Palmeiras indicava que a sorte do duelo não seria mudada.
Aí os velhos problemas apareceram e indicaram que as três vitórias seguidas não eram sinônimo de que tudo estava bem. Lúcio vive inegável ocaso físico e técnico, Juninho carece de consistência, Wesley parece que está no clube apenas de corpo. Até Valdivia, queridinho da torcida e único suspiro de qualidade, passou mais tempo reclamando do que sendo decisivo.
O Santos até poderia ter feito mais, mas acabou se poupando no sol escaldante que transformou o Pacaembu numa fornalha gigante. Ou talvez tenha tirado o pé do acelerador para respeitar a história do rival.
Até deu tempo para Henrique fazer o de honra, mas o grito de gol serviu apenas para lavar a dignidade do Palmeiras, que terá vida duríssima pela frente: encara o líder Cruzeiro na quarta e volta ao Pacaembu no sábado para novo clássico, dessa vez com o Corinthians.
FICHA TÉCNICA
PALMEIRAS 1 X 3 SANTOS PALMEIRAS: Fernando Prass; João Pedro, Lúcio, Tobio e Juninho (Leandro); Marcelo Oliveira, Victor Luis, Wesley (Mazinho) e Valdivia; Cristaldo (Mouche) e Henrique. Técnico: Dorival Júnior.
SANTOS: Aranha; Victor Ferraz, Edu Dracena, David Braz e Mena; Alison (Souza), Arouca e Lucas Lima (Renato); Geuvânio, Robinho e Gabriel (Rildo). Técnico: Enderson Moreira.
GOLS - Geuvânio, aos 38, e Gabriel, aos 41 minutos do primeiro tempo; Gabriel, aos 3, e Henrique aos 40 minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO - Flávio Rodrigues de Souza (SP).
CARTÕES AMARELOS - Wesley, Henrique e Valdivia (Palmeiras); David Braz, Geuvânio, Robinho, Mena e Alison (Santos).
RENDA - R$ 702.450,00.
PÚBLICO - 30.695 pagantes.
LOCAL - Estádio do Pacaembu, em São Paulo.