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Conferimos: Não teve mesmo cerveja na abertura da Copa do Mundo do Catar

Nos quiosques em torno do estádio Al-Bayt, onde começou o mundial de 2022, torcedores que queriam consumir a bebida, só encontraram a versão sem álcool

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Por Fernando Valeika de Barros
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A DOHA - Nos arredores do estádio Al-Bayt, onde Catar e Equador jogam a partida que abrirá a Copa do Mundo de 2022, não teve cerveja com álcool antes do jogo. Assim, foi cumprida à risca a decisão de “remover os pontos de venda de cerveja dos perímetros dos estádios do Mundial no Catar”, determinada pelas autoridades do país, dois dias antes início da competição.

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No entorno do estádio, não havia vestígios de quiosques pintados de vermelho, com a marca da Budweiser. Antes desta lei-seca versão catariana, os organizadores anunciaram regras para o consumo de cerveja: entre 3 horas e meia hora antes do início da partida, e uma hora depois do apito final. Mas isso acabou.

Agora, para a maioria dos torcedores cerveja oficial do torneio, só estará disponível nos camarotes ou em Fan-Zones, como a que foi instalada no Parque Al-Bidda, em Doha, em uma área com cerca de 300 mil metros. Mesmo assim, só depois das 19h. E não custará barato: cerca de 80 reais por um copo com meio litro, nem sempre estupidamente gelado.

Catar proibiu venda de cerveja com álcool durante jogos da Copa do Mundo 2022  Foto: EFE/ Antonio Lacerda

Segundo publicou o jornal americano The New York Times, a decisão de banir a cerveja foi definida pelo xeique Jassim bin Hamad bin Khalifa al-Thani – o todo-poderoso irmão do emir governante do Catar, o xeique Tamim ben Hamad al-Thani, que comanda o Catar desde 2013.

Sem qualquer espaço para negociação com a Fifa e nem com um de seus maiores patrocinadores, a Anheuser-Busch InBev. É o conglomerado dono da marca Budweiser -- e que, desde 1985 paga muito dinheiro para divulgar a sua marca nos Mundiais de futebol.

Na sua versão mais recente o valor do contrato entre a empresa e a entidade que governa o futebol, foi estimado em US$ 75 milhões, pelo período de quatro anos. Deverá quase dobrar de tamanho para o próximo ciclo: em 2026 a Copa do Mundo será disputada do em conjunto pelos Estados Unidos, Canadá e México. Isso explica porque, apesar de um tuíte mal-humorado da Budweiser, não deverá romper o vínculo que tem com a Fifa.

Isso abriria espaço para a concorrência, bem no momento em que o futebol será atração no maior mercado consumidor do planeta. Porém, é possível que a companhia consiga vantagens para compensar o que perdeu no Catar.

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Para a Copa de 2022, os planos da Budweiser eram tão ambiciosos que ela havia instalado seu quartel-general, no Catar, no hotel de luxo W Hotel, em West Bay, a área mais nobre de Doha, onde receberá milhares de convidados durante o Mundial, para acompanhar as partidas.

A perda de visibilidade no Catar durante a Copa de 2022 é só o primeiro dos problemas para os executivos da Anheuser-Busch InBev. Sem poder contar com cervejarias na região do Golfo Pérsico, a companhia teve que transportar milhares de litros de cerveja para o Catar, a bordo de navios cargueiros. E precisou montar uma complexa operação logística para armazenar a cerveja em locais refrigerados para proteger latas e garrafas do clima escaldante.

Para quem não se importa em desembolsar o equivalente a 75 reais por 500 ml de cerveja, o consolo é que eles ainda poderão ser saboreados em locais e horários restritos, uma vez que a proibição do consumo de álcool só se aplica aos pontos de venda instalados em áreas públicas. Cerveja e outras bebidas, incluindo um champanhe oficial da Fifa e vinhos selecionados, ainda estavam disponíveis, também, nos camarotes mais caros do estádio e nos bares dos hotéis mais luxuosos de Doha.

Para poder vender álcool, pagam uma licença a um órgão do governo catariano e importam a bebida de uma única empresa autorizada a exercer a atividade, a Qatar Distribution Company. No Catar o consumo de bebidas alcoólicas em áreas não toleradas é considerado crime, que pode dar multa e até 6 meses de cadeia.

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Para tentar minimizar o imenso prejuízo com a decisão, a Budweiser criou uma campanha de marketing de emergência: anunciou que doará todo o estoque de cerveja, que já estava no Catar, para o país a seleção que for a campeã mundial. Numa tentativa de dar notoriedade para a versão sem álcool da cerveja da marca, a Budweiser Zero.

Não por acaso, nos estádios as geladeiras nas cores vermelhas foram, providencialmente, substituídas pelas azuis, mais identificadas com a versão sem álcool. A esperança é que consumidores que nunca experimentaram este tipo de cerveja, acabem sendo conquistados. No mundo dos negócios, como diz o ditado, vão-se os anéis, mas ficam os dedos.

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