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Corinthians vive clima de teatro

Por Agencia Estado
Atualização:

Coletivos e treinos táticos à parte, o elenco do Corinthians está sendo submetido a uma verdadeira aula de interpretação desde domingo, quando venceu o Botafogo, em Ribeirão Preto, por 3 a 0 e praticamente assegurou o título do Campeonato Paulista, o 24º de sua história. Na véspera do segundo e decisivo jogo, domingo (27), às 15 horas, no Morumbi, os jogadores, sob a orientação do técnico, ensaiam um discurso padrão que, embora repetido à exaustão, não convence nem mesmo àqueles que o proferem. Na realidade, todos sabem que o troféu de campeão só não irá para o Parque São Jorge caso aconteça uma verdadeira catástrofe, ou tragédia, como preferem alguns. Contudo, procuram atender às recomendações do treinador e, sempre que podem, tentam minimizar a possibilidade de conquista até com uma derrota por três gols de diferença. O resultado: frases feitas que há muito povoam o ambiente futebolístico, tais como "precisamos respeitar o adversário", " ainda não ganhamos nada" e a famosa "é um jogo de 180 minutos." "Vocês (jornalistas) querem me convencer de que já somos campeões, mas eu não vou embarcar nessa", afirmou Luxemburgo. "Mas se o Botafogo chegar aqui e fizer 4 a 0, todo mundo vai acabar com a gente. Só quero evitar esse tipo de coisa", explicou, lembrando que o São Paulo não se classificou porque vencia o União São João por 3 a 0 e sofreu uma virada para 4 a 3. Mas o Corinthians tem outro ponto a seu favor: o retrospecto botafoguense. A equipe de Ribeirão Preto venceu apenas uma partida fora de casa, 1 a 0 sobre a Portuguesa na última rodada da fase de classificação, além de não ter vencido por diferença maior do que um gol em toda a competição. Essa é exatamente a base de seu discurso com os atletas. O técnico corintiano sabe que o título está praticamente ganho, mas precisa conter a euforia e, principalmente, o discurso de seus comandados. A maior preocupação é de que uma frase mal colocada, que evidencie um excesso de confiança, sirva como instrumento para motivar os jogadores do Botafogo. Cuidado - Para afastar qualquer risco e ficar de bem com o treinador, os atletas do Corinthians transformaram-se em autênticos atores. Nas entrevistas, eles não dão respostas, e sim as interpretam. "Precisamos pensar bem no que dizemos, claro", afirmou o artilheiro Ewerthon. "Mas de certa forma isso já é feito durante todo o campeonato e apenas fica mais evidente agora." Para o volante Marcos Senna, o pensamento dos jogadores pode até ser diferente daquilo que estão pensando. "Mas eu acredito que não revelar o que pensamos não é só uma questão de orientação do treinador, e sim de bom senso de nós mesmos", observou. "Acima de tudo está o respeito ao adversário", completou, lembrando outra frase comum em momentos como este. Nem mesmo a diretoria escapou dos exercícios de artes cênicas. O vice-presidente de Futebol do clube, Antonio Roque Citadini, famoso por sua sinceridade e franqueza, que por diversas vezes provocaram declarações polêmicas, mostra-se contido. "O Botafogo é um bom time e temos de respeitá-lo", disse. "O jogo só é ganho quando termina."

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