Rafinha chegou ao Corinthians em janeiro. Em nove meses, o sonho de defender o time pelo qual sempre torceu se tornou pesadelo. Lesões em seqüência o fizeram atuar apenas 15 minutos, ainda em março, contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil. E o que parecia ser mais um caso de atleta fadado a conviver com contusões prematuras acoberta um problema de base que atinge muitos jogadores: a depressão. O jovem meia teve uma infância conturbada, que teria gerado todo o ambiente para a depressão. Quando criança, Rafinha conviveu de perto com situações graves, de assassinato a seqüestro, passando ele próprio por duas tentativas de suicídio. O diagnóstico dos especialistas diz que o estado emocional atrapalha Rafinha fisicamente e o torna vulnerável às lesões. "Eu estava recuperado, mas os machucados fizeram a depressão voltar. Tive a doença a primeira vez quando meu irmão foi assassinado", contou Rafinha. Anderson, o irmão que cuidava da mãe Ângela e da irmã Daniele em Três Lagoas (MS), a cidade natal de Rafinha, era seu ídolo. Até hoje, a sua morte não foi solucionada pela polícia, mas deixou marcas na mente e no corpo do jogador. Em suas costas, a tatuagem feita há quatro meses manda mensagem ao irmão onde quer que ele esteja: "Anderson, saudade eterna." Desde janeiro, Rafinha sofreu duas lesões no joelho, sendo necessária a realização de duas artroscopias. Ele também acumulou lesões musculares e até uma virose, sempre quando tentava treinar forte para voltar. Rafinha não toma mais antidepressivos. Agora, freqüenta uma psicóloga em São Bernardo do Campo. "Sei que a tristeza influencia. Mas o que quero é jogar", avisou o jogador. Apesar de o Corinthians ter adquirido 40% de seus direitos econômicos, ele está emprestado até dezembro. A chance de permanecer em 2009, atualmente, é mínima. "Quero jogar aqui, ter oportunidade. Sei que tenho potencial. Mas se não for possível, não vou desistir desta vez de ser jogador", afirmou Rafinha.