No fim de semana, o Barcelona promoveu a estreia do seu novo treinador, Quique Setién, na vitória sobre o Granada. Ele substitui Ernesto Valverde, demitido depois da queda na Supercopa da Espanha. O enredo da troca de técnicos, conhecido no futebol brasileiro, repete-se também na Europa. Por lá, uma sequência de maus resultados ou uma desclassificação agora significam o bilhete azul. Já foram 30 demissões na temporada, somando-se apenas as principais ligas (Itália, Espanha, França, Alemanha e Inglaterra).
A saída de Valverde é o episódio mais recente entre os grandes europeus. Além do Barcelona, Bayern de Munique e Milan já mudaram de técnico neste início de ano. Entre os times médios, a lista inclui Arsenal, Valencia, Napoli, Everton, Lyon, Monaco e Tottenham. A Itália já soma nove demissões, seguida da Espanha e Inglaterra (seis), França (cinco) e Alemanha (quatro). Essa tendência já foi notada em 2018, quando 23 técnicos tinham sido demitidos na Europa no mesmo período.
No caso do Barcelona, o treinador nunca foi unanimidade em quase três anos à frente do gigante espanhol. Mas foi a primeira vez que o clube catalão trocou o comando no meio da temporada desde 2002/2003, quando o holandês Louis Van Gaal foi sacado do cargo. A decisão de demitir Valverde veio após a derrota para o Atlético de Madrid na semifinal da Supercopa da Espanha. Por outro lado, o Barcelona é o líder do Campeonato Espanhol ao lado Real Madrid, com 43 pontos e encara o Napoli pelas oitavas de final da Liga dos Campeões.
A exemplo do que acontece no Brasil, as quedas de desempenho ou eliminações precoces têm justificado as trocas de treinador. No ano passado, foram 22 demissões de treinadores apenas na Série A do Campeonato Brasileiro. A pressão da torcida, agora multiplicada pelo alcance das redes sociais, e as críticas da mídia especializada são fatores que alcançaram peso dois na balança da diretoria na hora de planejar o futuro.
"É possível perceber que os clubes estão um pouco imediatistas. A concorrência é tão grande e a pressão por vitórias tão poderosa que os clubes acreditam que não podem esperar um treinador reverter um momento ruim", diz o jornalista espanhol Jose Hurtado, do Marca, da Espanha.
Outros episódios ilustram esse diagnóstico. Mauricio Pochettino foi mandado embora do Tottenham apenas seis meses depois de ele ter levado o clube à final da Liga dos Campões. O Tottenham ocupava a 14ª colocação no Campeonato Inglês, com apenas 14 pontos em 12 jogos. Apesar do momento ruim, o argentino viveu cinco anos de boa fase em Londres.
"Estávamos extremamente relutantes em fazer essa mudança. Não é uma decisão leviana ou apressada do Conselho do clube. Lamentavelmente, os resultados no final da última temporada e início desta são extremamente decepcionantes", comunicou a direção da equipe no final do ano passado.
O jornalista português David Carvalho, da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), acompanhou a chegada de José Mourinho ao Tottenham como substituto de Pochettino.
“Pochettino deixou um excelente trabalho no Tottenham. Mas creio que Daniel Levy conduziu o processo nesta lógica: muito bem, a era Pochettino fez-nos crescer, mas terminou. Queremos algo mais. Precisamos completar o investimento no novo estádio por exemplo, além do centro de treinos com títulos e alguma hegemonia. Sobretudo estar na linha da frente para ser campeão inglês. E, claro, ter capacidade para ombrear com os melhores na Liga dos Campeões para vencer a competição de fato. Mourinho tem esse desafio. Este é um exemplo da mentalidade de alguns clubes”, detalha o jornalista.
O Bayern demitiu de Niko Kovac quando era quarto colocado na Bundesliga. O técnico croata foi demitido um dia depois da goleada sofrida para o Eintracht Frankfurt, por 5 a 1, a pior do clube em uma década no Campeonato Alemão. "O desempenho de nossa equipe nas últimas semanas e os resultados nos mostraram que havia necessidade de ação", justificou o CEO Karl-Heinz Rummenigge ao término do ano passada.
Técnicos brasileiros também estão na lista de demitidos. Sylvinho começou a temporada no Lyon e não teve sucesso na equipe francesa: disputou apenas 11 jogos e perdeu mais do que ganhou (4 derrotas, 4 empates e 3 vitórias), fazendo a pior campanha do clube em 24 anos. Foi demitido no início de outubro.
Demissões na Itália
Eusebio Di Francesco (Sampdoria)
Thiago Motta (Gênova)
Giampaolo (Milão)
Andreazzoli (Gênova)
Igor Tudor (Udinese)
Eugenio Corini (Brescia)
Fabio Grosso (Brescia)
Carlo Ancelotti (Nápoles)
Vicenzo Montella (Fiorentina)
Demissões na Inglaterra
Mauricio Pochettino (Tottenham)
Unai Emery (Arsenal)
Quique Sánchez Flores (Watford)
Marco Silva (Everton)
Javi Garcia (Watford)
Manuel Pellegrini (West Ham)
Demissões na Espanha
Marcelino (Valência)
David Gallego (Espanyol)
Pablo Machín Espanyol)
Mauricio Pellegrino (Leganés)
Fran Escribá (Celta)
Ernesto Valverde (Barcelona)
Demissões na França
Ghislain Printant (Saint-Ettiene)
Sylvinho (Olympique de Lyon)
Alain Casanova (Toulouse)
Leonardo Jardim (Monaco)
Antoine Kombouaré (Toulouse)
Demissões na Alemanha
Niko Kovac (Bayern de Munique)
Achim Beierlorzer (Colônia)
Sandro Schwarz (Mainz 05)
Ante Covic (Hoffenheim)