Publicidade

Famílias de vítimas da Chapecoense se unem para conseguir melhorias

Duas associações de parentes lutam em plataformas diferentes e procuram apoio do clube para conseguirem assistência

PUBLICIDADE

Por Ciro Campos
Atualização:

A batalha das famílias das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense, ocorrido em novembro do ano passado, ganhou um novo capítulo cerca de nove meses depois da tragédia. O clube e as duas associações de parentes dos falecidos no desastre superaram nos últimos dias um clima de animosidade para selarem a paz e o compromisso de trabalhar em conjunto.

A Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-C) tem como objetivo lutar pela resolução de problemas burocráticos e jurídicos, enquanto a Associação Brasileira da Vítimas do Acidente com a Chapecoense (Abravic) tenta, por meio de doações da iniciativa privada, prestar auxílio aos parentes, como o pagamento de mensalidades escolares e consultas médicas.

Fabienne Belle e Mara Paiva formam a diretoria da Afav-C Foto: Nacho Doce/Reuters

PUBLICIDADE

A Afav-C tem 57 associados e a Abravic, cerca de 30. Ambas trabalham para conseguir se expandir e contemplar, de modo geral, as 64 vítimas fatais brasileiras do total de 71 mortos. A batalha atual da força tarefa é de obter informações sobre a documentação do seguro firmado entre a companhia aérea boliviana LaMia e o clube brasileiro. Os advogados ainda tentam ter acesso à apólice firmada na contratação do serviço.

"Ainda não tivemos nenhuma informação, até porque dependemos do trabalho de outros países. Algumas famílias estão há nove meses sem renda", disse a vice-presidente da Afav-C, Mara Regina Paiva, viúva do comentarista e jogador Mário Sérgio Pontes de Paiva, que trabalhava no canal Fox Sports. 

A associação foi criada há cerca de um mês e meio e tem como presidente Fabiane Belle, viúva do fisiologista Cesinha, integrante da comissão técnica do treinador Caio Junior, que também morreu no acidente.

A aeronave que transportava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana, em Medellín, caiu nos arredores do aeroporto. A investigação é feita pelos governos da Colômbia e Bolívia, país-sede da companhia aérea e de onde saiu o voo.

A diretoria do clube se reuniu com representantes das duas associações na última semana, em Chapecó. Segundo o departamento de comunicação da Chapecoense, o encontro de cerca de três horas marcou um clima de reaproximação e convergência nas demandas, com a diminuição de um litígio e da distância existente pelas pendências criadas pelo acidente. 

Publicidade

Acidente aéreo deixou 64 vítimas brasileiras Foto: JF Diorio/Estadão

Apesar do tom de união, também houve momentos de cobranças e exigências, com questionamentos sobre as excursões da equipe para o exterior, como para a Espanha. Nesta semana, o elenco está na Itália, onde se encontrou no Vaticano com o Papa Francisco e faz hoje amistoso com a Roma.

As associações também consideraram a ocasião positiva, embora avaliem que ainda há muito a ser feito. "Vivemos agora um momento de diálogo. Esse é talvez o maior avanço. Vislumbramos a possibilidade de não mais trabalhar separadas, mas sim em conjunto", disse Mara.

Criada ainda no ano passado, a Abravic tem intensificado a procura por doadores na iniciativa privada para ajudar os familiares das vítimas. O ex-goleiro Follmann, sobrevivente do acidente, é o diretor da Abravic.

A associação tem contribuído principalmente com o pagamento de até R$ 600 para bancar a mensalidade escolares de crianças que perderam os pais na tragédia e com parcerias para consultas gratuitas com psiquiatras para atendimento a familiares que têm alguma necessidade.

"Nosso foco principal é assistência social, prestar ajuda às vítimas e famílias. Várias delas têm poucas condições financeiras atualmente e têm passado por dificuldades psicológicas e emocionais. Queremos oferecer condições básicas", comentou o presidente da entidade, o advogado Gabriel Andrade.

Futuramente a Abravic espera ter um novo projeto para convocar pessoas a "adotarem" e bancarem parentes de vítimas do acidente da Chapecoense. Outra ideia é organizar um jogo beneficente no fim do ano com a renda revertida para os associados das entidades.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.