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Gianni Infantino, o ex-número 2 que chegou ao poder e que sonhava em refundar o futebol

Ambicioso, presidente da Fifa tentará seu terceiro e último mandato em 2023 e busca mudanças na organização do esporte

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Por AFP
Atualização:

O presidente da FifaGianni Infantino, eleito em 2016, admitiu que vai tentar um terceiro e último mandato no próximo ano, que seria sua chance derradeira de realizar as muitas reformas que almeja para lançar as bases para o futuro do futebol. "Restaurar a imagem da Fifa" e "tornar o futebol verdadeiramente global". Essa é a ambição do ítalo-suíço de 52 anos. Seu projeto se resume basicamente nessas duas frases, repetidas em vários de seus discursos. As eleições serão em 2023.

Sem os escândalos que precipitaram o fim da "era Blatter" em 2015 e acabaram com as esperanças do ex-presidente da Uefa Michel Platini, poucos especialistas teriam pensado naquele jurista sem formação esportiva para assumir as rédeas do futebol mundial. Infantino sempre foi a Fifa e agora tenta deixar um legado que não pegou quando assumiu o posto. A Fifa era questionada pela justiça e seus membros, presos em todos os cantos do planeta. O brasileiro José Maria Marin, da CBF, foi um dos detidos nos EUA por corrupção.

Presidente da Fifa, Gianni Infantino lamentou casos de violência no futebol brasileiro Foto: FRANCK FIFE / AFP

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Secretário-geral da entidade entre 2009 e 2016, depois de ter subido vários degraus, Infantino trabalhou durante muito tempo à sombra de Platini e a sua imagem se tornou popular como rosto dos prestigiados sorteios da Liga dos Campeões. Mas com Blatter afundado pelos escândalos da Fifa e depois Platini por um pagamento injustificado, o "eterno número 2" subiu ao topo, sendo eleito presidente da entidade no segundo turno em 2016. Em 2019, foi reeleito, sem rival, como pode acontecer em 2023.

Suspeita de conluio 

Infantino pode defender várias reformas de governança, incluindo a limitação da presidência a três mandatos ou o novo modo de atribuição de sedes da Copa do Mundo, menos propício ao suborno. Também um grande equilíbrio econômico, com pagamentos às 211 federações. "Conseguimos fazer isso porque, na nova Fifa, o dinheiro não evapora mais, vai para quem corresponde", comemorou nesta quinta-feira no 72º Congresso da instância em Doha.

Essa imagem de integridade foi manchada quando foi aberto um processo contra ele em julho de 2020 por “incitação ao abuso de autoridade”, “violação do sigilo de função” e “obstáculos à ação penal”.

A justiça suíça o investiga por três reuniões secretas em 2016 e 2017 com Michael Lauber, então chefe do gabinete do procurador federal. Essas reuniões alimentaram suspeitas de conluio entre a promotoria e a Fifa. A defesa de Infantino conseguiu no ano passado remover o procurador do caso. Ele também havia encontrado "indicações" de "gestão desleal" do presidente no uso de um avião particular para um evento da Fifa. Isso trouxe a investigação de volta à estaca zero.

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O tempo da união? 

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, projeta a 'melhor Copa de todos os tempos' no Catar Foto: REUTERS/Suhaib Salem

Para desenvolver o esporte mais popular do mundo, esse poliglota, recém-instalado em Doha com sua esposa libanesa e quatro filhas, não esconde suas muitas ideias. Mas em um universo de futebol com equilíbrios complexos, entre ligas, federações ricas e pobres, clubes, confederações, jogadores e torcedores, muitos o repreendem por falta de tato ou por tentar avançar pela força.

Ele conseguiu aumentar o número de participantes da Copa do Mundo de 32 para 48 seleções. Será assim a partir da edição de 2026, embora Infantino tenha tentado, sem sucesso, torná-lo válido a partir do Catar neste ano. Seus planos de aumentar o Mundial de Clubes para 24 equipes, inicialmente planejado para 2021 e apresentado como especialmente lucrativo, não convencem a Uefa e permanecem no limbo por enquanto.

Também há a questão de uma Copa do Mundo bienal, a cada dois anos em vez de quatro, que encontrou forte oposição da Uefa e da Conmebol, entre outros personagens do futebol. A ideia parece quase enterrada depois de suas palavras sobre o tema nesta quinta-feira. "Sabemos que é importante conversar", disse ele em Doha, prometendo "total respeito" aos jogadores de futebol se continuar no comando da Fifa.

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