PUBLICIDADE

Presidente do Juventude sonha com Libertadores e Sula antes de duelo ‘Davi e Golias’ com Corinthians

Folha salarial do clube alvinegro, rival na Copa do Brasil, é cerca de dez vezes maior que a dos gaúchos; Fábio Pizzamiglio detalha planejamento do clube ao ‘Estadão’

PUBLICIDADE

Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Juventude viaja a São Paulo para buscar maior feito de um ano em que superou as expectativas no cenário nacional. Na 13ª colocação do Campeonato Brasileiro, a equipe já foi vice-campeã gaúcha, passou pelo Internacional na Copa do Brasil e pode se garantir na semifinal da competição nacional nesta quarta-feira, se eliminar o Corinthians, na Neo Química Arena. Um duelo de ‘Davi e Golias’, como na história bíblica, entre o clube alvinegro e o alviverde, do Rio Grande do Sul.

A vantagem é do Juventude, que venceu por 2 a 1, no estádio Alfredo Jaconi, e Fábio Pizzamiglio, presidente do clube, vive a maior semana desde que assumiu o comando do clube, em outubro de 2022. Além da expectativa de consagrar a gestão, ao garantir a vaga na semifinal, o mandatário foi convidado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para ser o chefe da delegação da seleção nos duelos das Eliminatórias, contra Equador e Paraguai.

Antes da decisão, Pizzamiglio conversou com a reportagem do Estadão sobre as expectativas para o duelo. Mesmo com a vantagem, mantém os pés no chão, mas a equipe tem a seu favor o retrospecto recente contra o rival paulista. Desde 2021, foram seis confrontos entre as equipes, com três vitórias do Juventude, dois empates e apenas um triunfo do Corinthians. Em caso de nova igualdade no placar, a equipe gaúcha avança para encara Flamengo ou Bahia na semifinal.

Fábio Pizzamiglio foi escolhido como chefe da delegação brasileira nos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo. Foto: Rafael Ribeiro/ CBF

PUBLICIDADE

Mesmo que o ano do Juventude seja positivo, Pizzamiglio sabe da diferença entre o nível dos clubes. Na semana do confronto, o Corinthians selou a contratação do atacante holandês Memphis Depay, ex-Barcelona, Lyon e Atlético de Madrid, como o reforço midiático que a Esportes da Sorte, patrocinadora máster, especificou na assinatura do contrato junto ao clube.

“Mesmo com os percalços, mesmo com troca de comissão técnica, mantivemos uma certa estabilidade no clube. Vamos enfrentar o Corinthians que tem uma folha de 10 a 20 vezes maior que a nossa e sabemos que temos a vantagem. Se houver a mesma entrega, a mesma vontade, temos chances sim de passar de fase na Copa do Brasil”, afirma o mandatário.

A folha do Juventude é próxima a R$ 2,5 milhões – uma das menores da Série A – e trabalha em 2024 com um orçamento próximo a R$ 100 milhões. Do Corinthians, antes da chegada de Memphis, próximo dos R$ 23 milhões e dos R$ 850 milhões. “A Copa do Brasil é algo que é muito bom financeiramente, a torcida fica muito feliz com esses avanços e nós também pela parte financeira, mas precisamos ficar na Série A, para manter o projeto e a estrutura”, reflete o mandatário.

Juventude precisa de um empate para avançar às semifinais da Copa do Brasil. Foto: Fernando Alves/ ECJuventude

O sucesso do Juventude acontece após percalços e duas trocas no comando técnico. Na pré-temporada, Thiago Carpini comandou a equipe durante uma semana, antes de aceitar a proposta do São Paulo; já Roger Machado, finalista do Campeonato Gaúcho, deixou Caxias do Sul para treinar o Internacional em Porto Alegre. No segundo caso, o clube tentou manter o profissional, mas o salário do treinador no rival – cerca de quatro vezes do que recebia no Juventude.

Publicidade

“Cada um deles têm sua própria forma de trabalhar. Mas todos nós, diretoria e comissão técnica, trocamos ideia ao longo do trabalho. Cada um tem sua função e damos total autonomia nesse trabalho, mas essa troca de ideias têm que acontecer”. Isso permitiu que, agora com Jair Ventura, o clube não tivesse uma queda de desempenho na temporada.

Até pensei que tinha algum problema para o Ednaldo Rodrigues ter me ligado à noite. Fiquei emocionado com o convite para representar a seleção

Fábio Pizzamiglio, presidente do Juventude

Todos esses fatores se somaram para que Pizzamiglio ganhasse oportunidades na CBF. Além do convite de Ednaldo Rodrigues para as partidas das Eliminatórias, propôs, em nome do clube, alternativas à arbitragem no encontro que teve com a CBF, após o sorteio das quartas de final da Copa do Brasil.

Sonho internacional

Um título da Copa do Brasil – competição que o Juventude conquistou em 1999 – garante uma vaga na Libertadores do ano seguinte. A competição continental é o grande sonho de Pizzamiglio: garantir a participação do clube gaúcho no cenário internacional pela primeira vez desde 2005.

“Como presidente do Juventude, eu gostaria de poder disputar uma competição internacional. Esse é o meu sonho. Para nós isso é grande. Pode parecer pequeno para clubes gigantes, mas desde 2005 que a gente não disputa uma competição internacional”, diz.

Nenê e Rodrigo Sam são dois atletas que chegaram ao Juventude nesta temporada e se firmaram como titulares na campanha. Para 2025, com contratações pontuais, a meta é alçar novos voos: outro desejo do presidente é de encerrar a gestão com um título. Seja do Campeonato Gaúcho ou, em um cenário mais ousado a Copa do Brasil.

Dívidas equalizadas e Fair Play Financeiro

Não existe um regulamento no Brasil para equilibrar as finanças dos clubes no País. O Juventude tem suas dívidas equalizadas e centraliza seus investimentos na estrutura do centro de treinamento e do Alfredo Jaconi. Será o caso da premiação que receberá da Copa do Brasil. “Precisamos seguir o orçamento, ter um bom planejamento no começo do ano baseado com as nossas receitas e baseado nos atletas que procuramos para reforçar o elenco”, aponta.

“O Fair Play Financeiro vai pelo menos deixar mais correto o futebol. Muitos clubes se endividaram endividando e caíram, times que eram pra ser campeões e na hora não conseguiram suportar aquele investimento financeiro, que só se sustenta com um título. O Fair Play vem para proteger os clubes deles mesmos. No Juventude, tivemos péssimas administrações em 2000, que nos fez chegar até a Série D. Estamos nos recuperando”.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.