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Liga Saudita fecha a janela alavancando as receitas dos clubes brasileiros mesmo sem vendas diretas

Mecanismo de solidariedade da Fifa transfere R$ 37,8 milhões ao futebol nacional em meio às altas transações dos times no país

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Por Redação

A recente janela de transferências da Arábia Saudita, que se encerrou nesta quinta-feira, dia 7, trouxe um impacto financeiro significativo para o mercado brasileiro. Com a aquisição de jogadores renomados na Europa, como Neymar, Malcom, Alex Telles e Fabinho, entre outros, clubes formadores e detentores de parte dos direitos econômicos dos atletas tiveram ganhos indiretos nas receitas da temporada.

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Isso acontece por causa do Mecanismo de Solidariedade da Fifa, criado em 2001, que garante aos clubes reveladores e formadores uma porcentagem nas negociações dos jogadores que cresceram em suas categorias de base. Isso vale até o fim da carreira do atleta. Entre os exemplos desse benefício está a recente negociação envolvendo Neymar e o Al-Hilal, que gerou uma quantia de R$ 19,4 milhões ao Santos, equipe formadora do atacante. Ele deixou o PSG mesmo tendo contrato até 2027.

No caso de Malcom, que chegou ao Corinthians com 12 anos e saiu na temporada em que faria 19, o time paulista detém pouco mais de 2,5% dos direitos econômicos. Essa também foi uma estratégia dos times do Brasil para ganhar um pouco mais com seus garotos formados. A situação levou a lei da Fifa a proporcionar ao clube um total de R$ 8 milhões na transferência do atleta também para o Al-Hilal. Neymar e Malcom são colegas de time em Riad.

O mecanismo de solidariedade da Fifa paga 5% dos valores das transações entre os clubes onde os jogadores atuaram dos 12 aos 23 anos. Geralmente, o atleta atua em apenas um clube. De anos para cá, ele também é vendido antes até de completar 18 anos, casos de Endrick, do Palmeiras, Rodrygo, do Santos, e Vinícius Júnior, do Flamengo. Dos três apenas o atacante palmeirense ainda está no futebol brasileiro. Ele se apresenta em junho do ano que vem no Real Madrid, onde atuam os outros dois.

DISTRIBUIÇÃO EM % DO MECANISMO DE SOLIDARIEDADE

Temporada do 12º aniversário do atleta - 0,25%

Temporada do 13º aniversário do atleta - 0,25%

Temporada do 14º aniversário do atleta - 0,25%

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Temporada do 15º aniversário do atleta - 0,25%

Temporada do 16º aniversário do atleta - 0,5%

Temporada do 17º aniversário do atleta - 0,5%

Temporada do 18º aniversário do atleta - 0,5%

Temporada do 20º aniversário do atleta - 0,5%

Temporada do 21º aniversário do atleta - 0,5%

Temporada do 22º aniversário do atleta - 0,5%

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Temporada do 23º aniversário do atleta - 0,5%

Neymar gerou quase R$ 20 milhões para o Santos Foto: AL HILAL SAUDI CLUB

O diretor-técnico Sandro Orlandelli, que possui passagens por Arsenal, Manchester United e seleção brasileira, esteve no futebol saudita nos anos 2000 e acredita que a modalidade local tem tudo para se estruturar e, no futuro, também exportar atletas, como aconteceu com o Japão.

“Quando você traz grandes jogadores, o nível de seu campeonato sobe naturalmente. Apesar do enorme poder financeiro e da estratégia de continuar realizando contratações de impacto, vejo a Arábia Saudita interessada em estruturar seu futebol, formar jogadores, como aconteceu com a liga japonesa, que trouxe importantes valores de fora e passou a exporta atletas para a Europa. Então, acredito que o mercado árabe vai se solidificar”, destaca Orlandelli.

Certificado de clube formador

A recente movimentação de investimentos no futebol saudita fez os times brasileiros reconhecerem a importância do certificado de clube formador da Fifa. O Sport do Recife buscou a recuperação deste título e sua base passou a ser responsável por receitas importantes para o clube. Somente em 2022, o time nordestino faturou R$ 23 milhões com a venda de atletas formados nas categorias de base.

“Neste ano, realizaremos o maior investimento da história do Sport na base. Essa é a prova de que trabalhamos para tornar o clube uma referência nacional quando se fala em formação de atletas. Nosso objetivo é fornecer todo o suporte necessário e as melhores condições para que os jovens se desenvolvam. Nossa gestão entende que a base é quem pavimenta o futuro do clube. Por isso, os investimentos se tornam necessários para que possamos, em um futuro próximo, colher os frutos desse processo,” afirma Yuri Romão, presidente do Sport.

A ida de Roberto Firmino para a Arábia Saudita rendeu dinheiro para CRB e Figueirense Foto: AP Photo/Jameel

O Fluminense é outro time beneficiado com a janela árabe. O zagueiro Ibañez, negociado da Roma com o Al-Ahli, rendeu ao tricolor do Rio R$ 2,2 milhões por causa de 1,5% da transferência. Juventude e Grêmio também receberam quantias pela negociação do lateral-esquerdo Alex Telles, com o Al Nassr. O time de Caxias do Sul ficou com R$ 800 mil, enquanto o tricolor, com R$ 300 mil. Roberto Firmino é mais um brasileiro que reforçou a Liga Saudita, mas o atacante deixou o Liverpool rumo ao Al-Ahli sem custos e, portanto, sem ajuda aos seus clubes formadores, CRB e Figueirense.

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