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Morte de torcedor do Palmeiras põe torcida única em xeque em São Paulo

Assassinato a facadas após briga reacende polêmica sobre medida que está em vigor desde abril do ano passado

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Por Bibiana Borba , Ciro Campos e Daniel Batista
Atualização:

A morte do torcedor palmeirense Leandro de Paula, esfaqueado durante briga no início da madrugada desta quinta-feira após o clássico com o Corinthians, reacendeu o debate sobre a adoção de torcida única nos clássicos paulistas. O episódio retoma a divisão de opiniões sobre o modelo em vigor desde abril de 2016, quando duas mortes em um domingo de jogo mobilizaram as autoridades do Estado a implantar essa restrição.

 O crime de ontem foi o segundo assassinato desde o começo da medida. O primeiro foi em setembro do ano passado – a morte do corintiano Daniel Veloso em Itapevi. Desta vez, o incidente foi registrado mais perto do estádio, a cerca de dois quilômetros do Allianz Parque.

Torcedores do Palmeiras se envolveram em confusão com os corintianos após o clássico Foto: Edu Silva/Futura Press

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Segundo o tenente-coronel Luiz Gonzaga de Oliveira Junior, responsável pelo policiamento dos estádios da capital e defensor da torcida única, os envolvidos com o crime de ontem não têm relação com torcidas organizadas. "Não há nenhum vínculo ou registro deles em cadastro de organizadas. Foi um conflito pontual", afirmou.

Paulo Castilho, promotor do Juizado Especial Criminal, mantém a ideia de que torcida única é algo positivo. "Não foi uma emboscada, como já ocorreu em outros momentos", disse, sobre o assassinato do palmeirense. Isso nada tem a ver com futebol. Foi uma discussão de pessoas que sequer foram ao jogo e resultou em um crime comum, como tantos que acontecem diariamente", comparou. 

Castilho ainda ressaltou o fato de o clássico ter sido realizado sem nenhum grande incidente envolvendo os torcedores que foram até o Allianz Parque. "Tivemos quase 40 mil torcedores que saíram de suas casas, foram em segurança para um estádio, assistiram ao jogo e voltaram para suas residências normalmente", completou. 

O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, é crítico da torcida única. "A violência não está somente na arquibancada, mas em todo o País. Isso é uma demagogia grande", disse na terça-feira, véspera do clássico. São Paulo e Palmeiras também são contra, mas admitem que a violência nos estádios diminuiu.

O sistema de torcida única gerou uma situação diferente no clássico de quarta. "Teve uma agressão de palmeirenses a uma pessoa que eles consideravam ser um corintiano infiltrado. Ele ficou machucado e precisou ser atendido", contou o tenente-coronel Luiz Gonzaga. O artifício de entrar no estádio "à paisana" para driblar a restrição já foi usado por outros torcedores em clássicos anteriores.

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ASSASSINATO

Leandro de Paula, de 38 anos, estava em um carro na Avenida General Olímpio da Silveira com palmeirenses e desceu para tirar satisfação com corintianos que faziam provocações após a vitória por 2 a 0. O grupo discutiu e a confusão terminou com duas facadas no abdômen do palmeirense, que morreu na Santa Casa.

A Polícia Civil prendeu em flagrante o mecânico Anderson da Cruz Andrade, de 24 anos. Ele foi indiciado por homicídio qualificado. Outro homem, identificado como Nerival, que aparece em imagens dando a facada em Leandro, deve se apresentar nos próximos dias, de acordo com seu advogado.

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