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Slimani, Samaris e Jesé: entenda a estratégia do Coritiba para fugir do Z-4 com atletas de renome

Plano de globalização da equipe do Alto da Glória se sustenta em orçamento rigoroso e em projeto de médio e longo prazo; equipe é lanterna do Brasileirão

Foto do author Marcos Antomil
Por Marcos Antomil
Atualização:

O Coritiba está traçando uma temporada para esquecer dentro das quatro linhas: eliminado nas quartas de final do Paranaense, na terceira fase da Copa do Brasil e ocupando a lanterna do Campeonato Brasileiro. No campo dos negócios e da gestão esportiva, porém, a equipe do Alto da Glória tem conquistado destaque ao se transformar em SAF (Sociedade Anônima de Futebol) e apostar na contratação de jogadores de renome internacional para tentar salvar 2023.

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Na janela de transferências de julho, o Coritiba foi agressivo no mercado e buscou a aquisição de Islam Slimani, da Argélia, Andreas Samaris, da Grécia, e Jesé Rodríguez, da Espanha. O argelino tem 35 anos, fez sucesso no inglês Leicester, no Sporting, onde aprendeu a falar português, e estava no Anderlecht antes de se mudar para a capital paranaense. Pela sua seleção, o atacante disputou a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, tendo anotado dois gols e chegando às oitavas de final.

Fluente na língua portuguesa, o volante Samaris, de 34, teve importante passagem pelo Benfica entre 2014 e 2021. Na última temporada, atuou no modesto Rio Ave. Ele é mais um que esteve em terras brasileiras para a disputa da Copa de 2014. Na ocasião, a seleção grega caiu nas oitavas, nos pênaltis, diante da Costa Rica.

Samaris é grego, defendeu sua seleção e é fluente em português. Foto: Gabriel Thá/ CFC

O nome de Jesé Rodríguez pode não soar tão conhecido para o público brasileiro, mas o espanhol foi formado nas categorias de base do Real Madrid e vestiu a camisa do Paris Saint-Germain. Uma grave lesão no joelho e seu desempenho após a recuperação o fez rodar por equipes médias da Europa até chegar à Sampdoria, que acabou rebaixada para a Série B na Itália na temporada passada. Aos 30 anos, o atacante canário é mais uma esperança para fazer o futebol do Coritiba emergir na reta final do Brasileirão para terminar o ano de forma digna.

Jesé Rodríguez foi uma grande promessa do Real Madrid, mas não conseguiu corresponder as expectivas. Foto: Gabriel Thá/ CFC

“A nossa prioridade são os resultados esportivos, mas sabemos que os atletas são ativos importantes para incrementar os planos de sócio-torcedor, venda de camisas, lançamentos de produtos oficiais e globalização da marca e do clube”, explicou Carlos Amodeo, CEO da SAF do Coritiba, ao Estadão.

Com a camisa do Coritiba, Slimani já atuou em quatro partidas, todas como titular, e balançou as redes duas vezes: na derrota para o São Paulo, por 2 a 1, e no triunfo sobre o rival Athletico-PR, por 2 a 0. Samaris não tem o mesmo status de titular absoluto, mas esteve em campo em três dos últimos quatro jogos. Jesé jogou por cerca de 30 minutos na goleada sofrida diante do Vasco, por 5 a 1, e pouco pôde fazer para evitar o resultado desastroso. Nos mais recentes compromissos, tem esquentado o banco de reservas.

Slimani marcou um dos gols do Coritiba sobre o Athletico-PR. Foto: Gabriel Thá/ CFC

“Todas as movimentações foram feitas de acordo com o planejamento financeiro do Coritiba. A SAF planeja seguir rigorosamente o orçamento econômico para não entrar em um ciclo vicioso que, infelizmente, estamos acostumados a ver no futebol brasileiro. Os três jogadores tinham grande admiração pelo futebol brasileiro, gostaram dos pilares que apresentamos sobre o projeto do Coritiba, o que foi um facilitador para o desfecho positivo das negociações”, contou Amodeo.

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Questionado pela reportagem do Estadão sobre uma eventual participação do apresentador e empresário Roberto Justus no planejamento de contratação, o Coritiba esclareceu que Justus é sócio minoritário da Treecorp, empresa que adquiriu 90% da SAF do clube, e não tem atuação nessas questões do dia a dia do futebol. Ele já vestiu a camisa do time e se deixou fotografar no estádio.

“Trazer jogadores de renome internacional precisa, antes de mais nada, contemplar a questão esportiva. Sem resultados em campo, o custo fica acima do que a geração de receita durante a vigência do contrato. Portanto, é preciso ter um plano claro e sustentável para comprometer parte importante do orçamento em troca de jogadores que certamente trarão visibilidade e potenciais novas receitas, mas que não se tem certeza do quanto vão render esportivamente”, avalia Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let’s Goal.

Além de Slimani, Jesé e Samaris, o Coritiba conta em seu elenco com outros três atletas estrangeiros. O mais conhecido do público é o chileno Benjamín Kuscevic, que teve passagem pelo Palmeiras. O zagueiro tem as companhias do meia argentino Marcelino Moreno e do volante colombiano Sebastián Gómez. Como se observa, há uma série de idiomas sendo falando no vestiário do clube e uma internacionalização do elenco.

“Dizer que trazer estrelas atrai torcedores e aumenta o consumo de produtos licenciados, ingressos e programa de sócio torcedor, incrementando receitas, é a parte óbvia e esperada. Fato é que o jogo muda de patamar no campo da mídia, com mais espaço nos veículos e consequente valorização do clube e seus espaços de patrocínio - o que também ajuda a viabilizar o acerto. A vida desses super craques contribui, inclusive, para a internacionalização da marca, o que pode render mais e melhores parcerias e patrocínios se for bem explorada”, explica Alexandre Mota, head de planejamento e criação da Agência End to End.

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O Coritiba entra em campo neste domingo, às 18h30, para medir forças com o Atlético-MG, na Arena MRV. O time do Alto da Glória busca sua quinta vitória no Brasileirão para criar novo ânimo da luta contra o rebaixamento. Na tabela, figura na última posição e está obrigado a emendar vitórias para não voltar à Série B.

(Slimani, Samaris e Jesé) são jogadores que deixaram sua marca por onde passaram, que se mostraram empolgados em vir para cá por causa da atratividade do projeto e da abertura de um novo mercado para eles. O trabalho no Coritiba envolve objetivos estabelecidos em curto, médio e longo prazo. Estamos em uma situação desfavorável, mas independentemente do que acontecer ao fim da temporada, temos um cronograma estruturado para transformar o clube, elevar o patamar desportivo do Coritiba nos próximos anos”, afirmou Amodeo.

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