Dia 15 de abril. A data foi decisiva para o Bauru seguir vivo e, principalmente, montar um projeto capaz de colocá-lo como favorito ao título do Novo Basquete Brasil. Antes da temporada ser cancelada, o que aconteceu no começo de maio por causa da pandemia do novo coronavírus, o clube desistiu do NBB para iniciar o planejamento da temporada 2020-2021.
A postura se comprovou correta. Em entrevista exclusiva ao blog, o gestor da equipe, o ex-jogador Vanderlei Mazzucchini, com diversos anos de serviços prestados ao basquete, explica como foi o trabalho para que o Bauru pudesse buscar patrocinadores e ter um elenco de qualidade, sob o comando de um dos melhores técnicos da atualidade: Léo Figueiró.
Claro que ainda estamos no começo do NBB, mas o fato de Bauru abrir mão da última temporada até mesmo antes do cancelamento para se reestruturar já se comprova ter sido uma aposta acertada? Acredito que sim, porque nos dispusemos a acertar a equipe como um todo, começando pela parte administrativa e estrutural, até chegar aos parceiros e patrocinadores. O futuro era uma incógnita para todo mundo, porque vivíamos uma situação inédita e, por conta disso, tínhamos de sentir como o mercado reagiria ao tempo sem jogos, provocado pela pandemia; sem falar na parte econômica do país, que foi muito afetada com o isolamento social e com as restrições comerciais.
O projeto, em algum momento, ficou ameaçado por falta de investimento? Como citei, as empresas também foram muito afetadas com o isolamento social e pelas restrições impostas para conter a proliferação do coronavírus. Com esse panorama, os patrocinadores, não só da nossa equipe, mas da maioria das agremiações esportivas (independente da modalidade), deram uma recuada. Mas, o nosso departamento de marketing foi muito eficiente e trabalhou com enorme agilidade e competência, conseguindo acertar com empresas qualificadas e ousadas, que acreditaram na força do esporte e na credibilidade do nosso projeto.
Como foi possível montar uma equipe competitiva, com o retorno de jogadores como o Alex e outros reforços, em meio à crise por causa da pandemia? Foi graças ao trabalho de todos que compõem o Zopone/Gocil Bauru Basket e da credibilidade da equipe junto aos patrocinadores: Zopone, que se incorporou nesta temporada, e Gocil, que seguiu ao nosso lado. Montamos um planejamento para buscar os nossos objetivos e os parceiros e patrocinadores nos deram o respaldo necessário para formar uma equipe competitiva, composta por jogadores experientes, fazendo uma interessante mescla com jovens promissores. Vale ressaltar que os jogadores também acreditaram no nosso trabalho.
Não discuto o trabalho do Demétrius Ferracciú, que é um dos melhores técnicos do Brasil, mas era o momento certo para uma troca no comando técnico, assim como foi com o Guerrinha, o antecessor do Demétrius? O Demétrius cumpriu o seu ciclo no Bauru Basket com maestria. E de forma conjunta, as duas partes sentiram que esse era o momento de mudar.
Qual o principal fator para escolher o Léo Figueiró, que é sem dúvida um dos grandes treinadores da atualidade? Léo Figueiró é um técnico da nova geração, que demonstrou a sua qualidade nos times que comandou, com destaque para o desempenho nas últimas temporadas com o Botafogo-RJ, quando conseguiu resultados expressivos; isso abriu espaço para que o Léo compusesse a comissão da comissão técnica do Aleksandar Petrovic na seleção brasileira. Além disso, o perfil dele encaixa bem no que almejamos para o Zopone/Gocil Bauru Basket. E, acredito que fizemos uma escolha acertada.
A perda no Paulista serviu de alerta? A direção faz alguma correção de rota? Sabíamos que o Campeonato Paulista seria uma competição complicada, não só pela forma de disputa e jogos sequenciais, como também pelo tempo que os jogadores ficaram sem atuar. Tínhamos ciência que isso faria com que as equipes tivessem altos e baixos ao longo da sua disputa. Fizemos as necessárias análises em conjunto e demos sequência ao nosso planejamento!
É possível apontar Bauru como favorito ou um dos favoritos ao título do NBB? Quais os principais rivais? Acredito que o Zopone/Gocil Bauru Basket figure na lista dos times que podem chegar, mas é muito cedo para afirmar qualquer coisa nesse sentido. CR Flamengo, Sesi Franca Basquete, São Paulo FC, Minas Tênis Clube e Paulistano/Corpore também estão nessa briga, que pode ser ainda acrescida de outros times que cresçam em meio ao campeonato.
A fórmula de disputa, com etapas sediadas, deixa o NBB ainda mais imprevisível? Sim, mas é a forma mais adequada para esse momento que o coronavírus ainda nos assusta. De antemão, temos que pensar na integridade física de todos os envolvidos com a competição e o formato de sedes, aliado aos protocolos rígidos de saúde, são importantes demais para nos trazer segurança.