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Mayra Aguiar treina com rivais homens mais altos no judô para superar oponentes maiores fisicamente

Em entrevista ao Estadão, campeã mundial explica método de treinamento e afirma: ‘Essa adaptação me ajuda’

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Por Luciano Nagel
Atualização:

A judoca Mayra Aguiar treina com rivais homens no Brasil para se adaptar ao tamanho e força das rivais estrangeiras. Sua concentração no Mundial da categoria foi apontada por ela mesma, em entrevista ao Estadão, como ponto forte de suas apresentações no Usbequistão, onde ganhou pela terceira vez a medalha de ouro. “Meu estado físico e mental estava muito bom, bem equilibrado, e o planejamento para esta competição foi bem realizado. A disputa do Mundial é mais difícil do que os Jogos Olímpicos porque nesta competição podem entrar até duas atletas por categoria, ou seja, duas japonesas, duas francesas ou duas russas, por exemplo. É uma pressão grande, mas estava preparada’’, disse a atleta gaúcha em seu retorno para Porto Alegre.

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Aos 31 anos, a judoca do Clube Sogipa conquistou a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Judô realizado no Humo Ice Dome, em Tashkent, capital do Usbequistão, tornando-se assim tricampeã mundial na categoria meio-pesado, até 78kg. A disputa ocorreu entre os dias 6 e 13 deste mês. Esses mesmos títulos foram conquistados por Mayra nas edições do Mundial de 2014 e 2017.

Durante a etapa final da competição, no último dia 11, Mayra ganhou da chinesa Ma Zhenzhao por waza-ari, garantindo assim o lugar mais alto do pódio. Na manhã do domingo, em entrevista ao Estadão, a tricampeã mundial afirmou que chegou bem preparada e bastante concentrada para as lutas, que fazem parte da sua preparação para os Jogos de Paris-24.

Mayra Aguiar passou a treinar com homens para se adaptar melhor nas lutas com adversárias maiores fisicamente. Foto: Jonne Roriz/AE

Mayra ganhou de nomes pesados do judô mundial, como a japonesa Shori Hamada, atual campeã olímpica da categoria e vencedora da edição de 2018 do Mundial. Na semifinal, a brasileira lutou e superou a campeã europeia, a judoca alemã Alina Boehm. No entanto, foi na final o momento mais difícil para Mayra diante da chinesa Ma Zhenzhao.

“Ela é uma atleta bem alta, muito grande e torna a luta difícil. Precisamos nos acostumar com isso. No Brasil, não temos atletas desse porte (referindo-se a altura). Eu procuro fazer adaptações treinando com judocas masculinos, os mais altos e fortes. Claro que não consigo jogá-los no chão, porque não é essa a realidade que deveria ter, mas é uma adaptação que me ajuda muito”, comentou Mayra Aguiar, cuja altura é 1,78.

Entre as novas estratégias para melhorar seu desempenho físico e mental como atleta olímpica, Mayra afirmou que foram trocados nos últimos meses os horários de treinos que antes eram somente noturnos, a partir das 20h. Agora, ao menos 3 vezes por semana, os atletas passam a treinar durante as tardes também. “‘Agora consigo dormir e acordar bem mais disposta”, diz.

Sua programação é descansar algumas semanas e logo depois voltar aos treinos em Porto Alegre já de olho no Campeonato Master de Judô, que ocorrerá de 20 a 22 de dezembro, em Jerusalém, Israel. Para essa competição, a judoca brasileira chegará mais confiante, mas também sob os olhares desconfiados e de respeito de suas concorrentes. Em sua categoria, ela a a atleta a ser batida agora.

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