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Salto triplo, uma tradição do atletismo brasileiro

Adhemar Ferreira da Silva, Nelson Prudêncio e João do Pulo garantiram seis pódios

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Por Wilson Baldini Jr
Atualização:

O atletismo brasileiro possui uma grande tradição nas provas de salto. Os primeiros grandes resultados vieram na Olimpíada de Londres, em 1948, quando três representantes nacionais chegaram às finais do salto triplo. Geraldo de Oliveira foi o quinto colocado; Adhemar Ferreira da Silva, ficou em oitavo, e Hélio Coutinho da Silva em 11.º. De Helsinque-1952 até Londres-2012, o Brasil subiu seis vezes ao pódio nesta prova. O destaque maior ficou com Adhemar Ferreira da Silva. Um negro magro, cujas pernas de 1,08 metro tomavam conta do corpo de 1,78 metro de altura. “Achei a palavra atleta bonita e decidi que queria ser um”, costumava dizer um dos maiores ícones do esporte em todos os tempos.

João do Pulo salta para obter o recorde mundial em 1975 Foto: Claudine Petroli|AE

Com 40 vitórias consecutivas em torneios internacionais, Adhemar dominou o salto triplo. Foi ouro em Helsinque-1952, ao quebrar por quatro vezes o recorde mundial. Os 70 mil finlandeses no estádio gritavam “Da Silva, Da Silva” e em agradecimento, Adhemar correu pela pista e, sem querer, inventou a “volta olímpica.” Em Melbourne-1956, nem mesmo uma dor de dente fez Adhemar diminuir seu ritmo. Melhorou sua marca em 13 centímetros e conquistou o bicampeonato, com direito a recorde olímpico. Adhemar esteve em Roma-1960, mas não foi bem. Sofria de tuberculose, fruto do vício de fumar que o acompanhou por toda a vida e causou sua morte em 2001, aos 73 anos. Nelson Prudêncio aumentou a tradição brasileira no salto triplo com duas medalhas. Foi prata no México-1968, após uma disputa histórica. Ele, o soviético Viktor Saneyev (campeão) e o italiano Giuseppe Gentile quebraram o recorde mundial nove vezes em quatro horas. Em Munique-1972, foi bronze. Ele morreu em 2012, aos 68 anos. José Carlos de Oliveira, o João do Pulo, completou o trio. Foi recordista mundial em 1975, com impressionantes 17,89 metros. Bronze em Montreal-1976 e Moscou-1980, quando teve seu desempenho boicotado pelos fiscais soviéticos. Um de seus saltos teria ultrapassado os 18 metros. Em 1981, um acidente de carro causou a amputação da perna direita de João, que, em 1986, se elegeu deputado estadual, reelegendo-se em 1990. Solitário, sofrendo de depressão e alcoólatra, João do Pulo morreu, aos 45 anos, em 1999.

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