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Projeto social usa skate para formar atletas e 'campeões de caráter' em São Carlos

Rodrigo Riccó, o skatista à frente da iniciativa, tem como meta encontrar novos talentos e ajudar alunos no crescimento pessoal

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Por Andreza Galdeano
Atualização:

Enquanto as ruas de um dos bairros de São Carlos, município localizado no interior do Estado de São Paulo, a 250 quilômetros da capital paulista, estão cheias por causa dos comércios e da rotina dos habitantes logo às 8 horas da manhã, em uma segunda-feira, um grupo de jovens e adolescentes praticam manobras em pistas de skate e sonham com o esporte profissional.

O que para muitos moradores que passam pela Praça CEU das Artes Emílio Manzano pode parecer apenas diversão, para o skatista Rodrigo Riccó, fundador do projeto Skate Cidadão e responsável pelos encontros dos jovens no local, a prática do esporte pode "formar campeões de caráter", seja através de um futuro promissor no skate ou em "valores morais".

Projeto Skate Cidadãorecebe cerca de 120 jovens por semana Foto: Will Veltroni/ Projeto Skate Cidadão

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Fundador do projeto há pouco menos de um ano, Riccó recebe cerca de 120 jovens de 5 a 18 anos por semana. Na praça, ele separa seis horas por dia, em dois períodos, para transmitir todo o seu conhecimento sobre a modalidade para as crianças que frequentam o local. 

"O skate tem nos mostrado que pode ser muito transformador, uma ferramenta importante para criar laços de amizade, respeito mútuo e de compartilhar com quem tem menos. Esse projeto muda a vida desses alunos e também a nossa. Temos o privilégio de sentir isso todos os dias. São crianças muito especiais. Muitas com uma vida sofrida, mas sempre com um sorriso no rosto e um abraço sincero", conta Riccó, em entrevista ao Estado.

Com um olhar de quem não consegue disfarçar o orgulho em ver seus alunos se dedicando ao esporte e participando de campeonatos no município, Riccó relembra histórias que marcaram o trajeto do seu projeto. Alguns pais chegam a visitar o local para contar que o filho tirou boas notas desde que começou a andar de skate. Outros relatam mudanças no comportamento das crianças com a prática esportiva.

Treinos acontecem emSão Carlos,município localizado no interior do Estado de São Paulo Foto: Will Veltroni/ Projeto Skate Cidadão

"Através do skate, quero formar cidadãos. Desejo que essas crianças se tornem adultos responsáveis. Eles são o futuro do País e, muitos deles, serão o sustento de suas famílias", diz Riccó. "É uma realização e evolução pessoal em todos os sentidos. Estou fazendo o que gosto e aprendendo todos os dias uma lição nova. Aprendi a doar sem esperar nada em troca", completa.

Apesar das motivações que levam o profissional a doar boa parte do seu tempo ao projeto, ele revela que um dos maiores desafios para conseguir dar continuidade ao trabalho é a falta de verbas e patrocínios. Em uma tabela, Riccó faz as contas da quantidade de material que precisa para o período de um ano. No final, percebe que o valor ideal gira em torno de R$ 185 mil.

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"Esse esporte tem um desgaste muito grande em materiais Um shape (a prancha do skate) dura em torno de dois meses. Os tênis duram mais ou menos um mês, devido à lixa. Além disso, precisamos comprar acessórios, uniformes, bancar viagens para campeonatos, pagamento das respectivas inscrições e alimentação", explica Riccó.

Atualmente, o projeto sobrevive de doações de membros do Rotary Club São Carlos e de uma emenda parlamentar realizada juntamente com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. Conta também com iniciativas de skatistas do município, que repassam materiais aos alunos.

Jovens de5 a 18 anos treinam no local Foto: Will Veltroni/ Projeto Skate Cidadão

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