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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Após cinco décadas juntos, Pelé não terá mais ao seu lado o amigo e assessor Pepito Fornos

Parceria feita em 1969, quando o amigo trabalhava na Varig, chega ao fim com muitas histórias para contar, como o dia em que ambos estiveram na Casa Branca com o presidente dos EUA, Richard Nixon, ou em festa com o rei da Espanha

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Atualização:

Quando Pelé foi recebido na Casa Branca pelo 37º presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, ele não estava sozinho. Seu fiel companheiro, amigo e assessor pessoal por mais de 50 anos, Pepito Fornos, estava ao seu lado. Quando Pelé apertou a mão do rei da Espanha, em cerimônia na Europa, Pepito presenciou tudo de perto. Lamenta não ter entrado com o Rei do Futebol em encontro mais recente na Itália, com o então papa alemão Bento XVI, nascido Joseph Aloisius Ratzinger. "O Vaticano tem muitos protocolos. Na hora de entrar, foi só o Pelé", disse Pepito ao Estadão para anunciar que sua parceria de décadas com Pelé chegou ao fim.

Pepito, aos 79 anos, dois a menos do que Pelé, resolveu se aposentar. "O Pelé já não viaja mais. Portanto, não tenho mais o que fazer", comentou, sorrindo. "Pelé, para de me pagar. Não estou fazendo mais nada...", disse ao amigo. Assim, na simplicidade que sempre caracterizou a vida de ambos, acabou uma das principais dobradinhas da história do futebol brasileiro. Pepito estava para Pelé assim como Pelé sempre esteve para o futebol. Não se pensava em um sem esbarrar no outro.

Pepito Fornos (à esquerda), Pelé e José Mourinho se encontraram na sede do Manchester United Foto: Facebbok/ Pepito Fornos

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Eles se conheceram em Santos em 1962. Mas foi somente em 1968, que se aproximaram profissionalmente, na verdade em 1969, quando Pepito conseguiu levar para a Varig a conta de viagens do Santos. "E fui transferido para a Varig na cidade e minha única missão era ter a conta do Santos. O time fazia muitas excursões. Demorei um ano para ter a conta. A partir daí, fiz uma primeira viagem para a Itália, foi quando o clube afirmou que ficaria com a Varig, mas que eu tinha de ficar junto, ir para todas as viagens com o time", conta Pepito. A partir daí, seus laços com Pelé foram fortalecidos até ele virar, depois da Copa do Mundo de 1970, o cara que cuidava de tudo na vida do Rei.

E foi assim nos últimos 50 anos. Nos últimos 12, Pelé renegociou sua imagem com a Pelé Sports, e Pepito ficou mais com as coisas pessoais do amigo. Mas já não tinha tanta ingerência na rotina do Rei. Nunca deixou de acompanhá-lo, mas de uma forma diferente. A nova empresa passou a cuidar de tudo. "Minha função acabou, mas nunca deixei meu trabalho com ele. Vou guardar tudo isso nas minhas memórias. São tantas coisas que vivemos juntos..."

Pepito torce por Pelé, pela saúde do amigo. O Rei trava batalha contra um câncer. Quando não está no hospital, está em casa. Não há mais atividade como antes. Aos 81 anos, Pelé se preparou para tirar o pé do trabalho, viajar menos e curtir Santos e os familiares. E assim tem sido nos últimos anos. Agora, quando quiser ver Pepito, Pelé terá de marcar um café.

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Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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