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Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Corinthians não joga nada, mas se classifica para a semifinal. Dá para condenar? Claro que não

Bola na trave (seis) salva o time de Luxemburgo diante do Estudiantes na Argentina: Cássio brilha no jogo e ainda pega um pênalti, mas é inegável que faltou futebol do começo ao fim da partida

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Nunca vi nada igual. E olha que já são 31 anos de experiência. Seis bolas na trave do goleiro Cássio, quatro delas durante a partida em seu tempo normal e outras duas nas cobranças de pênaltis. Impressionante. Algo para entrar na história desses jogos de futebol que devemos contar para nossos filhos e netos e bisnetos até o fim das gerações. Foi em agosto de 2023. O Corinthians tinha um goleiro chamado Cássio, que estava abençoado num jogo contra o Estudiantes. A bola entrou uma vez e não entrou mais em jogo na Argentina. Foram seis bolas na trave. E o time brasileiro se classificou para a semifinal da Copa Sul-Americana. Assim a história desse jogo deve ser contada.

Durante os 90 minutos, o que se viu foi um Corinthians errado, sem saber o que fazer com a bola, recuado e aparentemente uma presa fácil para o apetite dos leões argentinos do outro lado. Com menos de 1 minuto, o primeiro gol. Cássio ainda estava se abençoando quando a bola passou.

Ao fundo, Cássio reza de joelhos para que seu companheiro acerte a cobrança de pênalti diante do Estudiantes, na Argentina Foto: Luis Robayo / AFP

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Mas era preciso mais um gol para evitar os pênaltis. Foi um massacre o que se seguiu. Bolas de todas as formas rondavam o gol de Cássio. Artilharia pesada. Mas, caprichosamente, ela não entrava. Quando o goleiro corintiano não defendia, ia para fora ou acertava a trave. A maldita trave, como diziam os argentinos. Quatro vezes.

A zaga brasileiro só fez espanar. Até o fim. O meio de campo correu atrás dos rivais sem desistir. O ataque? Bem, o ataque não existiu. Foi um Corinthians sem ataque e medíocre diante do Estudiantes. Valente do meio para trás, mas inexistente na frente. Não foi futebol. Foi um ataque contra defesa. Nada a ver com o Corinthians competitivo.

Mas há muitos caminhos para se chegar em uma vitória ou classificação no futebol e todos eles podem ser considerados válidos. Luxemburgo optou em se defender e confiar na bravura de seus marcadores. Arriscado? Muito. Deu certo? Deu. O time perdeu por um gol de diferença e ganhou nos pênalti. Dá para tirar o mérito de um time que se classifica? Não.

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Na somatória das duas partidas, houve uma vitória de cada lado. Em São Paulo, não foi um massacre do Corinthians como se viu na Argentina. Longe disso. Mas em Itaquera, o time da casa poderia ter feito mais gols, assim como o Estudiantes diante de sua gente nesta terça.

Nos pênaltis, Cássio fez um defesa, a 32ª em sua carreira no clube. De vazado no primeiro minuto, o goleiro acabou sendo o herói da classificação. Ele, a trave e o travessão. Futebol tem dessas coisas, de o torcedor não conseguir explicar alguns resultados. É justo? Nunca foi. Mas isso não faz a menor diferença. Na semifinal, zera tudo. E o Corinthians vai recomeçar novamente. Quem sabe jogando mais futebol para chegar à decisão. Quem sabe.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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