O Palmeiras acabou com a graça do Água Santa em menos de 30 minutos. Era o tempo que o treinador do time de Diadema estimou para segurar o ímpeto dos donos da casa na grande final do Paulistão 2023. Não deu. A segunda partida deu ao Palmeiras a chance de ganhar a competição, como disse o técnico Abel Ferreira. Também se mostrou correta a decisão de manter os principais jogadores em São Paulo durante a semana e não embarcar para La Paz a fim de estrear na Libertadores. Abel entendeu que o Palmeiras teria a possibilidade de se recuperar depois. E assim foi. O Palmeiras fez 4 a 0 no Água Santa e se sagrou campeão estadual.
Também deu resultado as provocações do treinador português após a derrota, única na competição estadual, no domingo passado em Barueri. Abel disse que o Palmeiras “passaria vergonha” se não fosse campeão no Allianz Parque. Não passou.
Vale ressaltar que ele não fez nenhuma provocação ao desafiante, mas aos atletas de seu elenco por conta de toda a estrutura que sustenta o Palmeiras. A semana poderia muito bem ganhar mais um capítulo nos livros escritos pelo treinador. Valeria contar a saga da semana, de um domingo ao outro, até os primeiros três gols antes do fim do primeiro tempo. Depois ainda teve mais um.
Com quais jogadores Abel conversou mais? O que ele disse? Como foi sua preleção? E os treinamentos? Por que escolheu Endrick? Acelerou a saída de bola com Weverton? Para quem fez os maiores apelos? Tudo isso seria de uma riqueza gigantesca para se entender mais e melhor o futebol que o time pratica e seu apetite para erguer taças.
Mas Abel não está sozinho nesta conquista. Claro que não. É preciso aplaudir os jogadores do time também. Gabriel Menino é atleta de decisão. Está mais do que provado isso. Endrick provou que o choro pelo jejum de gols são favas contadas. Ele marcou nas duas partidas da decisão, mostrando-se um atacante de final. O Palmeiras vai tirar tudo desse garoto até o seu embarque para a Espanha. Mas quem deve mesmo estar esfregando as mãos é o Real Madrid, para onde ele vai em junho de 2024. E o que dizer de Dudu? Sua jogada para o segundo gol é qualquer coisa de outro mundo, que muitas lendas do futebol gostariam de assinar. Dudu não tem limites. Com a camisa 7 talvez já seja mais do que foi Edmundo. Não sei (!?!?).
O fato é que esses três jogadores, e mais um pitada de Rony e Zé Rafael, engoliram o Água Santa e deram o 25.º caneco do Estadual ao Palmeiras. Por ora, nada mudou então no futebol de São Paulo.
Há de se contemplar ainda a confiança da torcida, que desde domingo passado comprou a ideia de que o Palmeiras poderia reverter a derrota e ganhar mais um torneio, a exemplo do que vem fazendo nas últimas temporadas. A torcida acreditou, bancou e lotou o Allianz para seu recorde. Ganhar o Estadual dá ao Palmeiras confiança e maturidade, além de certa tranquilidade, para as competições mais saborosas do ano.