Pereira vai se lembrar de Rony para sempre. O atacante do Palmeiras acabou com o sonho do time da cidade colombiana em sua primeira vez na Libertadores. Como joga esse Rony, cujo nome de batismo lá de Magalhães Barata, no Pará, é Ronielson da Silva Barbosa. Talvez ele seja o jogador mais difícil de ser substituído por tudo o que faz em campo. Rony não é seleção, mas é ele e mais 10 no time de Abel Ferreira.
No primeiro gol, Rony fez o zagueiro se atrapalhar na área e sofreu o pênalti para o gol de Raphael Veiga. Foi dele também a assistência para o segundo gol. No terceiro, aquele de treino, ainda na etapa inicial, Rony roubou a bola e começou toda a trama. E enquanto os adversários caíam no gramado com cãibras, Roni fazia o quarto gol contra o Deportivo Pereira e dava cambalhotas. Isso no segundo tempo. Rony é f....
Ele não é craque nem tem altura para um centroavante de área (1,67m). Na verdade, Rony nem era centroavante, porque ele atuava pelas pontas. Mesmo assim, é o jogador mais ovacionado do time, de difícil marcação e quase que incansável. Ele joga limpo, não reclama, não fala com a arbitragem, não discute com os adversários. Sua importância é construída unicamente pelas jogadas e gols.
Tem sua manias quando entra em campo, quase um luxo para um jogador que, se sabe, vai ‘apanhar’ dos marcadores: ajeita o penteado com muito carinho (não há um fio de cabelo fora do lugar) e prefere os shorts mais agarrados, que talvez o ajudem nas explosões.
Seu marcador no Pereira, para se ter uma ideia, deixou o jogo no segundo tempo com dores nas pernas, bravo porque não conseguiu cumprir sua função de acompanhá-lo nos 90 minutos. Rony engoliu todos eles. O time todo foi bem, como Dudu, Veiga, Maike... Mas Rony detonou. DetonaRony.
O torcedor do Palmeiras aprendeu a gostar dele, a entender também quando tenta jogadas e não consegue, se enrola na bola e no marcador. Rony parece aquela Formiga Atômica, do desenho de Hanna-Barbera, da década de 1960. É ágil, não desiste das jogadas, por cima e por baixo, briga por todas as bolas e não deixa o rival um segundo em paz. É daqueles atacantes chatos.
Abel e o grupo sabem de sua importância. Só não joga quando está machucado ou quando a comissão técnica, e seus pares do departamento médico e de fisiologia, força a barra para lhe dar um descanso. Dificilmente ele vive fase ruim. Não me lembro da última. Muitos entendem que ele é ‘um perna de pau’ de sorte. Não é verdade. Ele é muito mais do que um jogador útil também. O palmeirense aprendeu a gostar dele. Rony tem muito crédito.
Abel preocupado
Depois do jogo em Pereira, com a vitória de 4 a 0, o técnico Abel Ferreira disse que poderia ter sido chamado de ‘burro’ ao escalar dois laterais do mesmo lado, Marcos Rocha e Maike. Ambos fizeram gols. Ele abriu o Palmeiras diante de um defesa que se planejou atuar com linhas de quatro e cinco. Deu muito certo.
Abel também se mostrou preocupado com a possível saída de jogadores do time. Teme que seus homens de confiança, como Rony, Veiga, Gómez e outros mais experientes, deixem o clube seduzidos por contratos milionários da Europa e da Arábia Saudita, o novo Eldorado do futebol, para onde Neymar foi. Pediu encarecidamente para que a presidente Leila Pereira não venda os jogadores.