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Opinião|Torcida pede a cabeça de Lázaro, mas desta vez tem uma resistência: o elenco, que confia no técnico

Presidente Duílio Monteiro Alves, por ora, deve manter o treinador no cargo, mas é inegável que ele não tem estofo para comandar um time como o Corinthians: novos tropeços podem mudar o cenário

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

Seco para você: o Corinthians deve demitir Fernando Lázaro? Para a torcida Gaviões da Fiel, deve. Ela pediu a cabeça do treinador após a derrota do time para o Argentinos Jrs, como já havia feito com Sylvinho, cria da casa e com história no clube. Desta vez, a investida dos torcedores tem uma dura resistência: o elenco.

Os jogadores estão abraçados com Lázaro, gostam do treinador e prometem correr por ele, mesmo embora isso não tenha acontecido nos jogos. O Corinthians joga muito mal. O presidente Duílio Monteiro Alves está dividido, daí meu entendimento de que ele ficará, por ora, como os seus atletas. Dará mais um voto de confiança ao treinador. Há duas partidas importantes nesse caminho de Lázaro: contra o Remo, pela Copa do Brasil (após derrota por 2 a 0) e o clássico com o Palmeiras pelo Brasileirão. Como não há muitos técnicos no mercado, a corrida pelos ‘melhorzinhos’ pode acelerar processos. O São Paulo já entrou nesse desespero.

Fernando Lázaro, de branco, tem o apoio dos jogadores para sua sequência no comando do Corinthians Foto: Rodrigo Coca / AG.Corinthians

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A torcida não deixa de ter alguma razão no seu pedido, porque Lázaro parece muito cru no cargo. Eu sei que todos devem começar em algum momento e sou favorável a isso. Mas não sei se o mais correto é começar já em um CORINTHIANS, com letras maiúsculas mesmo para demonstrar o tamanho do clube, de sua história e tradição e tudo o que ele representa no futebol paulista e nacional. Lázaro, como todos sabem, estava na seleção brasileira antes de ser anunciado no comando do time.

Ele era analista de desempenho na CBF. É a mesma coisa que um estagiário virar CEO da empresa, sem passar por outras experiências e consolidar sua carreira, num processo natural de enriquecimento de currículo. A não ser que o estagiário seja filho do dono, muito provavelmente esse procedimento é equivocado. E não dará certo.

O futebol é cruel. A torcida é cruel. O vestiário é cruel. Daí a necessidade de se ter manhas e experiência na função. São raros os treinadores que brilham logo de cara. Isso explica também o fato de muitos deles colherem frutos com o avançar dos anos. Lázaro pode ser um bom treinador, como pode ser também Rogério Ceni, demitido no São Paulo na quarta-feira, mas eles ainda carecem de rodagem e muito aprendizado. Não sei se devem conseguir essa condição em times como o Corinthians e o São Paulo.

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O Corinthians já se mostrou refém da torcida em outras ocasiões, demitindo treinador e afastando atletas. As conversas, digamos, não marcadas com a torcida têm sido frequentes no clube, com invasão e dedo em riste. Mesmo assim, Duílio vai segurar o rojão e manter Lázaro por mais algum tempo.

Sua permanência, no entanto, vai depender dele próprio, de suas ideias e rapidez para fazer esse Corinthians ganhar e jogar bem. Esse também é um ponto. O time não joga bem. Corre errado, não faz a leitura correta do jogo e sofre com a idade de alguns de seus jogadores. O elenco precisa melhorar, mas não há dinheiro.

Na próxima semana, o clube vai divulgar um balanço financeiro com rombo de R$ 900 milhões de dívida, mesmo que as contas estejam controladas e o clube não sangra mais do que já está sangrando. O fato é que não dá para comemorar uma dívida deste tamanho, um treinador inexperiente e um elenco fraco e velho.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

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