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Fórmula 1: como Oriente Médio e EUA ganharam espaço enquanto China ficou fora

Controlada por americanos, categoria foca no streaming e tem apoio do sauditas por combustível sustentável

Foto do author Marcos Antomil
Por Marcos Antomil
Atualização:

Afastada da Fórmula 1 por cinco anos por causa da pandemia de covid-19, a China volta a receber um Grande Prêmio neste fim de semana. Nesse período sem provas em Xangai, a categoria máxima do automobilismo mundial conseguiu atrair um novo público por meio de uma série de inovações voltadas aos mais jovens e mudou o foco da categoria para o mercado dos EUA, fato que vinha se desenhando desde a saída de Bernie Ecclestone da chefia da antiga Formula One Management (FOM), que passou para o controle da Liberty Media.

Temas como sustentabilidade e diversidade passaram a fazer parte da Fórmula 1, aliada a uma forte estratégia de presença nas redes socias e no streaming, por meio da série Drive to Survive, da Netflix. Ao mesmo tempo, também ganhou espaço no calendário da F-1 o Oriente Médio. Na região, a categoria desenvolve parcerias estratégicas ligadas a investimento em desenvolvimento tecnológico para os carros.

GP da China volta a ser realizado neste fim de semana após cinco ano fora do calendário da Fórmula 1. Foto: Wang Zhao/AFP

“A crescente digitalização dos meios de comunicação fez com que diferentes tipos de públicos passassem a ver a modalidade de outra maneira, influenciados, e muito, pelos perfis que surgiram em redes sociais. Era o impulso que faltava para a modalidade despertar entre o público feminino e também os mais jovens”, afirma Joaquim Lo Prete, manager da Absolut Sport no Brasil, agência especializada em experiência esportivas.

Oriente Médio e EUA incham calendário graças a apoio tecnológico e busca por novos públicos

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O Oriente Médio agora abriga quatro provas por temporada. Duas delas já foram disputadas, em Jeddah, na Arábia Saudita, e em Sakhir, no Bahrein. No fim da temporada, o circo volta à região para as corridas em Lusail, no Catar, e em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos.

A Aramco, companhia petrolífera saudita, por exemplo, é uma das principais parceiras da Fórmula 1. A categoria fará uma grande mudança no regulamento dos motores dos carros em 2026 e terá um novo combustível, 100% sustentável. O foco está em zerar a emissão de poluentes até 2030. Nesse aspecto, a Arábia Saudita surge como uma potência para ajudar a F-1 a alcançar tais objetivos.

Nos Estados Unidos são disputados três Grandes Prêmios por temporada: em Miami, Austin e Las Vegas. A Fórmula 1 ainda estuda a realização de uma quarta prova no país. Há pouco mais de uma década, Índia, Coreia do Sul e Malásia compunham o calendário. O Vietnã chegou a ter tudo acertado para uma corrida em Hanói no início desta década, mas problemas políticos acabaram com tais pretenções. Hoje, essas regiões na Ásia contam apenas com os GPs da China, Japão e Cingapura.

A Fórmula 1 repetirá em 2025 o calendário de 24 corridas, o mais extenso da história. O excesso de provas é reiteradamente questionado por pilotos, como o tricampeão mundial Max Verstappen. “Estamos acima do limite de corridas. Claro que ainda estou jovem, mas também sei que não vou fazer isso por mais outros 10 anos, tipo correr 24 corridas. Eu acho que é mais sobre qualidade do que quantidade, é isso que temos que buscar. Eu já disse isso antes: não é sustentável. Eu amo automobilismo. Mas, a certa altura, você começa a pensar na qualidade de vida e em quanto tempo você está viajando e praticando o esporte que você ama”, destacou o piloto da Red Bull.

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O chefão da Fórmula 1, Stefano Domenicali, defendeu o número de 24 provas por ano. “Nosso foco está na estabilidade geral da F-1, mas também temos um dever compartilhado com o meio ambiente e com a saúde e o bem-estar do pessoal que viaja. Acho que 24 é o número certo, comparado ao interesse que a Fórmula 1 tem em nível global”, afirmou.

China quer reconquistar seu espaço

Único piloto chinês do grid, Guanyu Zhou, da Kick Sauber, fará seu primeiro Grande Prêmio em casa. Longe de ser um favorito para a vitória ou futuro campeão mundial, ele se tornou o porta-voz do país na categoria. “O interesse pela Fórmula 1 cresce na China - e não se trata apenas da base de fãs existente, mas também da geração mais jovem. Recebo muitas cartas dizendo que me ter como inspiração os ajudou”, contou Zhou ao site da Fórmula 1.

Guanyu Zhou posa para foto com fãs durante exibição de série sobre sua trajetória na F-1. Foto: Hector Retamal/AFP

A expectativa é que nesse retorno à China as arquibancadas do Autódromo Internacional de Xangai estejam lotadas. “Espero poder ter muito mais anos na Fórmula 1 e continuar a fazer história em termos de resultados e ajudar a despertar o interesse em casa”, disse Zhou, que esteve com fãs na exibição de série que retrata sua trajetória como o primeiro piloto chinês na F-1.

“Uma estratégia de conteúdo bem pensada e executada nas redes sociais, explorando os formatos de vídeos curtos e as tendências do momento ajudam a rejuvenescer e fidelizar a base de fãs. Esses usuários mais jovens assumem um comportamento de embaixadores da modalidade, criando verdadeiras comunidades apaixonadas por consumir e debater conteúdos sobre o nicho”, aponta Ana Clara Campos, gerente de conteúdo da agência End to End.

O fim de semana do GP da China será o primeiro da temporada com corrida sprint. Além de Xangai, também recebem o modelo as corridas em Miami, Spielberg, Austin, São Paulo e Lusail. Diferentemente de 2023, nesta temporada, o treino que define o grid de largada da corrida principal acontecerá somente após a sprint, no sábado. Confira a agenda:

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GP da China de Fórmula 1: horários e onde assistir

19/04 (sexta-feira)

  • 0h30 - Treino Livre - BandSports
  • 4h30 - Treino classificatório para a corrida sprint - BandSports

20/04 (sábado)

  • 0h - Corrida sprint - Band e BandSports
  • 4h - Treino classificatório - Band e BandSports

21/04 (domingo)

  • 4h - Corrida - Band
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