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Vitória de Infantino dá poder à Uefa

Oferecendo US$ 1,5 bilhão às federações e vagas na Copa do Mundo, suíço seduz eleitores de países periféricos e é eleito como sucessor de Joseph Blatter

Por ZURIQUE
Atualização:

Em 1974, João Havelange ofereceu uniformes e patrocínios para as seleções africanas e asiáticas e venceu as eleições para a Fifa. Em 1998, Joseph Blatter ofereceu dinheiro para as pequenas associações pelo mundo e tornou-se presidente. Ontem, o suíço Gianni Infantino ofereceu aos dirigentes US$ 1,5 bilhão para financiar o desenvolvimento do futebol e novas vagas na Copa do Mundo e chegou ao cargo máximo do futebol.

Gianni Infantino foi eleito Presidente da Fifa Foto: AFP PHOTO | OLIVIER MORIN

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Depois de 42 anos, o futebol europeu, comandado pela Uefa, volta a controlar a Fifa, mergulhada em seu momento mais crítico. Esse controle não ocorria desde 1974, quando Stanley Rous foi surpreendido por Havelange e perdeu o poder. Blatter, apesar de suíço, era odiado pelos europeus. A nova presidência vem no momento em que se aprovam novas regras que pretendem refundar a Fifa.

Ontem, Infantino, de 45 anos, saiu na frente na primeira rodada de votação com 88 votos, contra 85 do xeque do Bahrein, Salman Al Khalifa. Mas, conseguiu atrair no segundo turno os votos que haviam ido inicialmente para Ali Bin Hussein. Terminou com 115 e se tornou o nono e mais novo presidente da entidade.

Infantino já mandou um recado estratégico de que a ‘era Blatter’ acabou. “Estamos virando a página”, disse. “Aprovamos reformas e vou recuperar a imagem da instituição. Isso vai nos garantir novas receitas e novos contratos.”

Sua mensagem era esperada tanto pelas multinacionais como pelo FBI, a polícia federal americana. Hoje, a Fifa tem um buraco em suas contas de US$ 550 milhões (R$ 2,1 bilhões) e uma lista de mais de dez pessoas que ainda devem ser indiciadas em 2016 pela Justiça.

Mas, se o discurso de Infantino soou bem, ele ainda terá de provar na prática que é diferente dos velhos cartolas. O ex-secretário-geral da Uefa não estava entre os candidatos. Assumiu a campanha quando seu mentor, Michel Platini, foi obrigado a abandonar a corrida, também por suspeitas de corrupção.

O suíço herdou os votos do francês e sua rede de contatos. Mas percorreu o mundo insistindo que não era uma marionete de Platini e não tinha qualquer relação com seu ex-chefe.

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Sua tarefa, na campanha, era a de provar ao mundo que, ao assumir, não atenderá apenas aos interesses europeus e de seus clubes. Para isso, Infantino afirmou que distribuirá parte da renda de US$ 5 bilhões da Fifa para financiar o futebol mundial. “Não será um problema dar US$ 1,5 bilhão. Essa deve ser a prioridade. E vamos cortar custos”, prometeu. Cada federação levará inicialmente US$ 5 milhões.

Essa não foi a única forma de sedução. Ele prometeu aumentar as vagas na Copa do Mundo de 32 para 40 países. Mesma estratégia de Havelange para se manter no poder por 24 anos.

Cultura. Infantino assume com uma tarefa imediata: implementar uma reforma e provar às autoridades que a Fifa foi vítima de corruptos, mas que não é uma “organização criminosa’’.

Observadores e mesmo dirigentes ainda duvidam que a “cultura de corrupção’’ vá mudar. Mas Infantino parece acreditar que sua eleição já colocou um fim aos problemas. “Passamos por momentos tristes. Mas acabou’’, disse ontem, convocando jornalistas e amigos para um amistoso no campo da Fifa para o primeiro dia de trabalho, na segunda-feira.

O que levou Gary Lineker, ex-jogador inglês, a alertar: “Tenho a estranha sensação de que ele vai tirar sua máscara e vamos descobrir que era Blatter’’.