PUBLICIDADE

Publicidade

Jogadores de vôlei e CBV entram em rota de colisão

Atletas querem derrubar o sistema de ranking, que gera restrição de mercado

PUBLICIDADE

A manutenção do ranking para a temporada 2017/2018 da Superliga deflagrou o conflito entre jogadores e Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). E o embate nos bastidores da modalidade pode ficar ainda mais intenso nas próximas semanas, já que os campeões olímpicos se articulam para agir em busca da extinção do sistema e cogitam repetir os passos das atletas do feminino de recorrer à Justiça. O debate tem se desenvolvido em um grupo de WhatsApp, que reúne de dois a três jogadores de cada clube participante da competição, e eles já chegaram a consultar um advogado para embasar a ação. O levantador Bruninho, do Sesi-SP, é um dos atletas engajados nessa luta.

Bruninho diz que atletas do masculino estudam atitude mais drástica Foto: Alex Silva/Estadão

PUBLICIDADE

"Todos os jogadores com quem conversei são contra o ranking. A gente está aguardando um pouco para ver como se desenrola a situação do feminino para decidir se vamos tomar alguma atitude mais drástica. É complicado porque não temos muito tempo também", afirma. O titular da seleção brasileira acredita que a promessa de equilíbrio desde a implementação do ranqueamento, na temporada 1992/1993, perdeu a validade ao longo dos anos e critica a limitação de mercado para os jogadores de ponta, que correspondem a sete pontos na escala.  No mês passado, as jogadoras Thaisa, Sheilla, Dani Lins, Jaqueline, Natália, Fabiana, Gabi e Fernanda Garay - com o apoio de Tandara - entraram com uma ação na 9.ª Vara do Trabalho no Rio de Janeiro exigindo a extinção do ranking. Antes de partirem para o tribunal, divulgaram uma nota de repúdio expondo a insatisfação do grupo.  A medida foi tomada depois da votação realizada em 14 de março, em que oito dos 10 clubes classificados para a próxima edição da Superliga e o vice-presidente da Comissão de Atletas, Gilmar Teixeira (Kid), definiram que cada equipe poderá ter até duas jogadoras de sete pontos na temporada 2017/2018. Foram sete votos a favor da manutenção do formato e apenas dois contra - das próprias jogadoras e do Vôlei Nestlé. Com uma alteração: apenas a pontuação máxima foi mantida. "Com a mudança do ranking, a situação das atletas piorou. O direito de elas concorrerem com as demais foi ainda mais relativizado, elas estão em uma situação clara de discriminação e impotência frente ao mercado de trabalho", defendeu o advogado Carlos Heitor Pioli Filho, que representa as atletas.  Já os critérios da próxima temporada da Superliga masculina foram definidos em votação mais apertada. Por seis a cinco, ficou decidido que cada clube pode ter até 40 pontos e, no mínimo, cinco. O limite de três atletas de sete pontos por equipe continua valendo. Foram ranqueados os 172 jogadores entre brasileiros e estrangeiros, sendo dez com pontuação máxima. Insatisfeito com o modelo atual, Bruninho torce por uma liga bem estruturada - usa o Campeonato Italiano como exemplo - e defende um formato de gestão independente. "A CBV poderia intervir, mas tem tentado deixar as decisões mais para os clubes e, ao mesmo tempo, não quer perder a Superliga. Sou a favor de uma liga independente. Além disso, não se vê a CBV tão participativa nos últimos anos." Para ele, a união dos atletas vai trazer resultados a longo prazo. "O engajamento que as meninas têm mostrado e que estamos buscando é importante para que o vôlei melhore."Saiba quem são os atletas de 7 pontos no ranking da temporada 2017/2018:

FEMININO Dani Lins (Vôlei Nestlé) Fabiana (Dentil/Praia Clube) Fernanda Garay (Guangdong Evergrande, na China) Gabi (Rexona-Sesc) Jaqueline (Camponesa/Minas) Natália (Fenerbahçe, na Turquia) Sheilla (sem clube) Tandara (Vôlei Nestlé) Thaisa (Eczacibasi Vitra, na Turquia)

MASCULINO Bruninho (Sesi-SP) Éder (Funvic Taubaté) Isac (Sada Cruzeiro) Lucão (Sesi-SP) Lipe (Halkbank, na Turquia) Maurício (Brasil Kirin) Lucarelli (Funvic Taubaté) Simón (Sada Cruzeiro) Wallace (Funvic Taubaté) Leal (Sada Cruzeiro)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.