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Não, banco central americano não vai acabar com dólar em papel a partir de julho de 2023

FED lançará este ano o FedNow, serviço parecido com o PIX para pagamentos e transações entre bancos 24 horas por dia

Por Clarissa Pacheco

O Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, não vai acabar com o dólar enquanto moeda física, nem vai substituir o papel definitivamente por dinheiro digital. O boato ganhou as redes nos últimos dias depois que a instituição financeira anunciou que irá colocar em operação, a partir de julho deste ano, o FedNow, um serviço de pagamentos instantâneo que irá funcionar como o Pix no Brasil. Isso não significa que o dinheiro físico deixará de existir, apenas que empresas e pessoas físicas poderão fazer pagamentos instantâneos entre bancos 24 horas por dia.

 Foto: Reprodução

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Sem mencionar o FedNow, o autor de um vídeo que viralizou no TikTok faz um comunicado alarmante a brasileiros que têm dólares guardados e avisa que, a partir de 3 de abril de 2023 e de forma gradativa, o dinheiro físico deixará de existir nos Estados Unidos e não será mais aceito nem mesmo para o pagamento de gorjetas. Há mais informações falsas em torno da mentira original: ele diz que os caixas eletrônicos deixarão de existir, que os funcionários dos bancos serão demitidos e que não será mais possível fazer saques de qualquer espécie.

O FED desmentiu a alegação e explicou ao Estadão Verifica que o FedNow não vai substituir o dinheiro comum – ele nem sequer está associado a uma moeda digital: “Não é uma forma de moeda, nem um passo para a eliminação de qualquer forma de pagamento, incluindo dinheiro”, disse o banco. Em 15 de março, o FED anunciou que o serviço ficará disponível a partir de julho de 2023 e poderá ser usado por empresas e pessoas físicas.

“O FedNow estará disponível nos Estados Unidos para instituições depositárias, como bancos e cooperativas de crédito, e permitirá que indivíduos e empresas enviem pagamentos instantâneos por meio de seus contas da instituição depositária”, informou o FED. “Os pagamentos instantâneos permitem que indivíduos e empresas enviem e recebam pagamentos em segundos, a qualquer hora do dia, em qualquer dia do ano, para que o destinatário de um pagamento possa usar os fundos quase instantaneamente”. Essas informações estão na página de perguntas frequentes do banco.

Moeda digital está em análise

Diferente do FedNow, que é um serviço, o FED estuda a criação de uma moeda digital como uma espécie de ativo do banco central norte-americano, chamada por enquanto de Central Bank Digital Currency (CBDC). A criação da moeda ainda está em análise e, de qualquer forma, não tem a pretensão de substituir o dinheiro físico.

Em janeiro do ano passado, o FED divulgou um documento que abre uma discussão pública sobre a criação ou não de uma moeda digital do banco central. O banco afirma, contudo, que mesmo que a moeda digital seja criada, ela não irá substituir outra formas de dinheiro. Um dos princípios a serem levados em conta é que uma eventual moeda digital seja uma forma de “complementar, em vez de substituir, as formas atuais de dinheiro e métodos para a prestação de serviços financeiros”.

O banco também observa que, atualmente, o dinheiro físico é o único tipo de dinheiro que está disponível para o público em geral. Em nota, o FED informou que ainda não tomou uma decisão sobre a criação do CBDC. “O Federal Reserve não tomou nenhuma decisão sobre a emissão de uma moeda digital do banco central (CBDC) e não o faria sem o apoio claro do Congresso e do poder executivo, idealmente na forma de uma lei de autorização específica. Um CBDC não substituiria dinheiro ou outras opções de pagamento”, diz.

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