10% dos gastos militares acabariam com a pobreza e fome até 2030

No mundo, gastos militares aumentaram pela primeira vez desde 2011

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Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

GENEBRA - Se governos destinassem 10% dos gastos militares anuais para o combate à pobreza e à fome, os problemas estariam resolvidos até 2030, com as metas da ONU sendo atingidas. Os dados foram apresentados hoje pelo Instituto de Pesquisas da Paz de Estocolmo (SIPRI, em inglês) 

No geral, os gastos militares no mundo aumentaram em 1% em 2015, na primeira alta nos investimentos desde 2011, quando os países ricos enfrentavam o auge de sua recessão. No total, US$ 1,6 trilhão foram gastos no setor militar. 

Segundo o levantamento, os gastos militares equivaleram a 2,3% do PIB global e um décimo desse valor seria suficiente para financiar os objetivos globais das Nações Unidas para terminar com a pobreza e a fome até 2030 Foto: Syrian Observatory For Human Rights

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Segundo o levantamento, os gastos militares equivaleram a 2,3% do PIB global e um décimo desse valor seria suficiente para financiar os objetivos globais das Nações Unidas para terminar com a pobreza e a fome até 2030.

Os Estados Unidos continuam na liderança no setor militar, com uma redução de 2,4% nos gastos. Ainda assim, somaram no ano passado US$ 596 bilhões em armas. A China registrou um salto de 7,4%, somando US$ 215 bilhões. 

Mas o impacto foi sentido pelos governos que dependem dos recursos do petróleo. Na Rússia, a redução foi de 7,5%, para um total de US$ 66 bilhões. Segundo o instituto, os russos não foram os únicos a sofrer. Depois de uma década de expansão dos gastos diante do boom nos preços do barril, esses países tiveram de fazer cortes profundos em 2015.

A maior queda foi registrada na Venezuela, com cortes de 64%. Em Angola, a redução foi de 42%. Países como Bahrain, Brunei, Chade, Equador e Casaquistão também sofreram. 

Na África, o continente registrou a primeira queda em investimentos militares em onze anos, com redução de 5%. 

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As exceções ficaram para os países que enfrentam guerras, como no caso da Arábia Saudita, que adicionou US$ 5,3 bilhões em seus gastos diante da intervenção no Iemen. 

Já na Europa e EUA, os dados mostram que os cortes em gastos militares podem estar perdendo força. A queda vem sendo registrada desde 2009, como resultado da crise econômica mundial. Mas os sinais apontam que essa tendência pode ter chegado a um fim em 2015. 

Juntas, as potências ocidentais viram uma redução de apenas 0,2% em seus gastos militares, enquanto Londres, Paris e Berlim já anunciaram planos modestos de ampliar os investimentos diante das preocupações com a Rússia e a ameaça do Estado Islâmico. 

No caso do Brasil, a queda nos gastos foi sentida e chegou a 2,2%. O motivo, segundo os pesquisadores, foi o momento ruim da economia brasileira, afetando as contas do estado. O Brasil aparece ainda assim na 11ª posição como maior investidor no setor militar, com US$ 24 bilhões gastos em 2015. Em dez anos, o salto nos gastos foi de 38%, bem acima da média mundial de aumento de 19%.