63º dia de guerra: Resposta russa de cortar gás aumenta crise energética com Europa

Embora o impacto econômico imediato provavelmente seja limitado, foi a retaliação mais dura do Kremlin contra uma aliança liderada pelos EUA

PUBLICIDADE

Por Redação
4 min de leitura

Neste 63º dia da guerra na Ucrânia, as repercussões do conflito se ampliaram, ameaçando cruzar as fronteiras à medida que o envio de armas do Ocidente e as sanções econômicas levaram a Rússia a responder cortando o fornecimento de gás para duas nações europeias: a Polônia e a Bulgária. Nesta quarta-feira, a União Europeia acusou Moscou de chantagem depois que a Gazprom interrompeu o abastecimento a esses dois países.

Embora o impacto econômico imediato provavelmente seja limitado, foi a retaliação mais dura do Kremlin contra uma aliança liderada pelos EUA que acusou de apoiar a Ucrânia em uma guerra por procuração destinada a enfraquecer a Rússia.

O corte de combustível ocorreu um dia depois de os EUA e de pelo menos 40 países se comprometerem a armar a Ucrânia “em longo prazo”. A mudança mais significativa foi da Alemanha, que disse que enviaria dezenas de veículos antiaéreos blindados.

Sem aquecimento ou energia, ucraniano improvisa fogão na rua para cozinhar batatas diante de um bloco de apartamentos destruídos em Horenka, subúrbio de Kiev Foto: David Guttenfelder/The New York Times

Ao mesmo tempo em que Bruxelas acusava Moscou de chantagem, o governo alemão disse estar preparando suas reservas de gás natural para um possível boicote russo. Segundo Berlim, a Alemanha consegue sobreviver das reservas existentes de gás natural até meados de dezembro, quando começa o inverno europeu, se a Rússia cortar o fornecimento de forma imediata.

De um modo geral, a Europa está se mobilizando para diminuir o impacto do corte de gás natural da Rússia para a Polônia e a Bulgária. A Grécia afirmou que vai ajudar a Bulgária com entregas de gás a partir do próximo mês. Já a Polônia vai substituir o gás russo pela produção local, transportada da Noruega, e a partir do mês de outubro não vai precisar mais das importações do país de Vladimir Putin.

Continua após a publicidade

Mesmo que as notícias de uma troca de prisioneiros EUA-Rússia tenham oferecido um vislumbre de esperança de que as tensões com o Ocidente possam diminuir, o presidente Putin alertou que desencadearia “contra-ataques” contra quaisquer adversários que “criem ameaças de natureza estratégica inaceitáveis para Rússia.”

No front, uma série de explosões na fronteira da Ucrânia levantou a possibilidade de que os confrontos, que entram em seu terceiro mês, pudessem se espalhar. A Ucrânia parece ter tentado atacar mais profundamente o território russo durante a noite. Autoridades dos dois lados, porém, estavam reticentes em comentar.

Energia nuclear como alternativa

Conforme a guerra de Vladimir Putin estimula a Europa a cortar sua dependência do gás natural e do petróleo da Rússia, a imagem da energia nuclear tem melhorado, prometendo uma fonte confiável de eletricidade produzida domesticamente. Mas transformar em realidade uma retomada atômica é algo problemático.

Central nuclear operada pela Électricité de France, na região de Civaux, na França Foto: STEPHANE MAHE

Um quarto de toda a eletricidade consumida na União Europeia vem de centrais nucleares localizadas em uma dúzia de países, usinas envelhecidas em sua maioria, construídas nos anos 80. A França, com 56 reatores, produz mais da metade desse total.

Continua após a publicidade

Por que a Transnístria é importante?

Dois meses após o início da invasão da Ucrânia, um comandante do Exército russo sugeriu, em 22 de abril, que Moscou busca estabelecer um corredor no sul ucraniano até a Transnístria, uma república separatista pró-Rússia no leste da Moldávia.

A Transnístria, uma estreita faixa de território que se estende ao longo da fronteira entre a Moldávia e a Ucrânia, tem aproximadamente 500 mil habitantes. Nenhum país — nem mesmo a Rússia — a reconhece como território independente. Mas a região funciona como uma nação distinta da Moldávia, sobre a qual as autoridades nacionais admitem não deter controle.

Militares da Rússia ficam estacionados na Transnístria há décadas como “tropas de paz” — estima-se atualmente que 1,5 mil soldados russos estejam na região atualmente.