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Análise: Parte difícil começa agora para coalizão na Grã-Bretanha

Conservadores e liberais-democratas terão que domar divergências entre os dois partidos.

Por Peter Hunt
Atualização:

A parte difícil começa agora para a coalizão de governo na Grã-Bretanha. Tente dizer isso aos negociadores dos partidos Conservador e Liberal Democrata que estão cansados e sem dormir. Tente dizer que o que eles acabam de conquistar foi a parte fácil. Provavelmente será desagradável fazê-lo depois de dias de negociações frenéticas, mas, apesar de tudo, é algo que os dois partidos que acabam de se unir não podem evitar. Muitos desafios, divergências e até mesmo potenciais armadilhas dentro da coalizão aparecerão nos próximos dias, semanas e meses. Por enquanto, por estes breves momentos, os dois lados ainda querem saborear a conquista. Sem serem companheiros naturais, eles conseguiram unir forças - pelo interesse nacional, gostam de sublinhar. A sedução de colocar as mãos no poder, claro, têm sido um poderoso estimulante para que conservadores e liberais-democratas conseguissem formar o primeiro governo de coalizão na Grã-Bretanha em 70 anos. Agora, os membros do Parlamento do Partido Liberal Democrata sentarão à mesa do Gabinete junto com os ministros do governo conservador. Rachaduras Nomes importantes do Partido Conservador que esperavam altos cargos também terão sido sacrificados para que o acordo fosse possível. Para chegar a esse ponto - impensável durante a disputa eleitoral - obstáculos e obstáculos foram vencidos. Alcançar o acordo se tornou a ordem do dia. Mas é preciso lembrar o que acontecia algumas semanas atrás. Na ocasião, quando David Cameron ainda sonhava em varrer do cargo um primeiro-ministro com baixa popularidade por meio de uma grande votação pró-conservadora, ele descartava ir contra seu partido e abandonar o atual sistema eleitoral britânico, por exemplo. Mas o resultado das eleições- que não deu a nenhum partido a maioria absoluta no Parlamento - fez com que as coisas mudassem. Com os trabalhistas assediando os liberais-democratas, os conservadores aumentaram suas ofertas e concordaram até em fazer um referendo sobre a reforma, uma das bandeiras do partido de Nick Clegg. Certamente, caso o referendo aconteça, muitos membros do Partido Conservador se sentirão livres para fazer oposição à proposta de seus novos aliados. Mas a reforma eleitoral é apenas um dos pontos que podem provocar dores de cabeça para os membros da coalizão. Caso o governo comece a tentar cortar o déficit britânico imediatamente - como prometem os conservadores -, o que os liberais-democratas dirão para aqueles que temem que este tipo de medida possa comprometer a frágil recuperação da economia britânica? Além disso, como o governo irá financiar a nova política de impostos proposta pelos liberais-democratas? Existirão muitas outras questões como essas. As divergências dos dois lados, no entanto, podem ser domadas se estamos falando de membros dos partidos que estão próximos do poder. Mas, em diversas partes da Grã-Bretanha, ativistas decepcionados serão difíceis de ser colocados de lado. Além disso, em muitos lugares, conservadores e liberais-democratas costumam brigar constantemente. Eles podem ficar relutantes em abaixar suas armas. Enquanto isso, os trabalhistas tentarão se reorganizar no Parlamento, esperando que surjam rachaduras na coalizão do governo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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