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Análise: Republicanos recorrem à política do juízo final

Desde que Trump assumiu, eles tentam governar como se os democratas não existissem

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Por Paul Krugman (The New York Times)

Durante a Guerra Fria, as pessoas falavam sobre “máquinas do juízo final”, dispositivos que poderiam destruir o mundo. Qual seria o seu uso, uma vez que qualquer um que as utilizasse também destruiria a si mesmo? Bem, a intenção principal era a dissuasão. Mas também havia a noção de que um louco com acesso ao dispositivo poderia usá-lo para chantagear: “Dê-me o que quero ou vou explodir tudo”.

Donald Trump em reunião com legisladores na Casa Branca Foto: Carlos Barria/Reuters

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A boa notícia é que isso nunca aconteceu no front nuclear. A má notícia é que uma espécie de política apocalíptica está acontecendo agora em Washington, por cortesia do Partido Republicano.

A política do juízo final fez sua primeira aparição nos EUA nos anos 90, quando os republicanos paralisaram o governo federal para obter concessões de Bill Clinton. Não pegou bem para o partido. Mas eles tentaram de novo em 2011, usando a ameaça de rejeitar o aumento do teto da dívida, que poderia ter levado o governo à inadimplência, com efeitos catastróficos para a economia mundial – a ideia era obter concessões políticas de Barack Obama.

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Agora, os republicanos controlam a Casa Branca e o Congresso. Mesmo assim, eles insistem na política apocalíptica. Desde que Donald Trump assumiu, os republicanos tentam governar como se os democratas não existissem. Tentaram revogar o Obamacare e impuseram cortes de impostos para os ricos e as grandes corporações, sem buscar um único voto do Partido Democrata. 

Os líderes republicanos parecem acreditar que podem intimidar a oposição com a ameaça a programas sociais. Se a tática fracassar, eles podem enquadrar o caso como uma exibição de insensibilidade dos democratas. Mas os democratas não podem permitir que eles sejam bem-sucedidos. Se a política do apocalipse se tornar norma, então vale tudo. Isso precisa parar. Chegou a hora de traçar um limite. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO É COLUNISTA E PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA