LA PAZ - Apoiadores do ex-presidente boliviano Evo Morales realizam nesta quarta-feira, 24, o terceiro dia de bloqueios de estradas e aumentaram os pontos de obstrução nos departamentos de Santa Cruz, Oruro e Potosí. As manifestações são mais um capítulo da disputa entre Evo e o presidente, Luis Arce, seu ex-aliado convertido em principal adversário político.
O protesto pede a renúncia de altos magistrados, cujos mandatos foram prorrogados após o adiamento das eleições judiciais. Nos dois primeiros dias, as manifestações se concentraram em Cochabamba, que conecta as rodovias que ligam o leste e o oeste do país.
Em dezembro, os juízes impediram Evo de concorrer novamente à presidência, com base no fato de a reeleição indefinida “não ser um direito humano” – argumento usado pelo ex-presidente para se candidatar a mais um mandato em 2025.
Os partidários de Evo bloquearam a estrada entre Santa Cruz e Yacuiba, na fronteira com a Argentina, uma das principais rotas para o transporte de cargas pesadas. Outros grupos anunciaram que também se juntariam ao protesto em Tarija e Potosí.
A polícia disse que um grupo tentou bloquear uma estrada na região de Yungas, em La Paz, mas o protesto foi rejeitado por moradores de cidades próximas. Em razão do risco de violência, o Ministério Público lembrou que o direito de protesto pacífico deve ser garantido e as forças de segurança devem ajustar suas ações aos padrões internacionais de uso da força.
A Constituição boliviana, em vigor desde 2009, introduziu a eleição das mais altas autoridades judiciais, com candidatos escolhidos pelo Parlamento. O processo de seleção para as eleições de 2023 foi paralisado duas vezes pelas câmaras constitucionais.
Em dezembro, o Tribunal Constitucional prorrogou o mandato dos juízes dos principais tribunais para evitar um vácuo de poder até a realização de uma nova eleição.
A medida foi rejeitada pelos partidários de Evo, que acusaram o governo de instruir as decisões e fazer pactos políticos com o Judiciário. O governo de Arce acusou Evo de arquitetar os bloqueios, que causam um prejuízo diário de US$ 121 milhões. /EFE