DAMASCO - Horas depois do ataque em que, de acordo com os EUA, foram usadas armas químicas contra a cidade de Duma, os rebeldes que lutam na região contra Bashar Assad aceitaram ser removidos para Jarablus, localidade ainda controlada por forças de oposição, na fronteira com a Turquia.
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Um acordo foi feito para libertar todos os prisioneiros detidos por rebeldes sírios, em troca da saída dos combatentes, informou a televisão estatal síria.
Pelo pacto, os combatentes do grupo radical Jaish al-Islam deixarão Duma até amanhã. O grupo tem mais de 3.500 prisioneiros e reféns em suas prisões em Duma, disse Rami Abdulrahman, diretor do grupo de monitoramento do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG com base no Reino Unido.
Duma era a última cidade ainda retida pelos rebeldes na região de Ghouta Oriental, alvo de bombardeios do regime desde fevereiro. Com o auxílio da Rússia e do Irã, Assad organizou um cerco à região no qual mais de 1,6 mil pessoas morreram e dezenas de milhares fugiram. As forças do governo agora controlam 95% dos territórios rebeldes na região.
O reduto rebelde,apoiado por sauditas e pelos EUA, tornou-se o principal foco de Assad após a derrota militar do Estado Islâmico no país.
Em acordos de retirada negociados por Moscou, mais de 46 mil combatentes e civis foram transferidos de ônibus para Idlib, no noroeste do país, uma das províncias que não estão sob controle do governo.
O regime sírio concordou com interromper o ataque a Duma após três dias de intenso bombardeio e campanha terrestre. “Não há nem civis nem soldados mais no local”, disse Haitham Bakkar, combatente opositor em Duma, à Associated Press. “As pessoas agora estão revirando os destroços em busca de parentes, mas também não temos mais espaço para enterrá-los.”
Outro rebelde sírio, chamado Bilal Abu Sallah, disse que grandes cilindros amarelos foram lançados contra os civis e então começaram a liberar o gás venenoso. Equipes médicas voluntárias que trabalham no enclave não conseguiram auxiliar grande parte das vítimas por não contar com o equipamento adequado.
Críticos de Assad, entre eles entidades de defesa de direitos humanos e até representantes das Nações Unidas, dizem que retiradas como a de ontem seguem um padrão de deslocamento forçado, o que constitui crime de guerra. / REUTERS e AP