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Árabes-israelenses relembram "Nakba"

Uma série de excurssões foram organizadas para aldeias e cidades que foram de maioria árabe antes da guerra de 1948, em comemoração do "dia da catástrofe"

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma fundação árabe-israelense organizou para hoje uma série de excursões a aldeias e cidades que foram de maioria árabe antes da guerra de 1948, em uma iniciativa para comemorar a "Nakba" ou "dia da catástrofe" dos palestinos. "Queremos contar aos participantes o que havia antes de 1948, e dizer que esta terra não estava vazia (antes da chegada dos judeus), como ensinam os colégios", diz Rauda Atala, presidente da Fundação para a Cultura Árabe, em entrevista ao diário "Yediot Aharonot". As visitas incluem os centros urbanos de Yafo, Aco, Lod, Tiberíades, Ramle e Haifa, entre outros, todos eles de maioria árabe antes de Israel declarar sua independência há exatos 58 anos. Israel lembra da data segundo o calendário hebraico - neste ano coincidiu com o dia 3 de maio -, mas os palestinos o fazem hoje. Para eles, este 14 de maio não é um dia de festa, mas de "catástrofe nacional", já que lembram o início de um exílio que não acabou. Israel declarou sua independência em 1948 em virtude de uma resolução da ONU aprovada meses antes para a criação de um Estado judeu e outro árabe na Palestina britânica, embora nesse mesmo dia os Exércitos dos países vizinhos o tenham invadido para impedi-lo. O resultado foi uma guerra na qual centenas de milhares de palestinos saíram ao exílio, fugindo da guerra, incentivados pelos Governos árabes vizinhos ou mesmo expulsos pelas forças israelenses. Ainda assim, cerca de 180 mil palestinos passaram a viver dentro das fronteiras do Estado israelense, dando lugar a um conflito entre eles e os que hoje residem na Cisjordânia, em Gaza e no exílio. Apesar das dificuldades de integração na sociedade israelense, os primeiros assumiram uma espécie de nova identidade - a árabe-israelense - que lhes diferencia de seus irmãos fora de Israel por suas distintas necessidades e experiências de vida. Atala explica ao diário que sua intenção com estas viagens é encorajar à população árabe de Israel a desenvolver uma sensação de identidade nacional, buscando esse passado comum com os palestinos. "Queremos que entendam que temos uma história, uma identidade e uma língua", destaca a executiva. O dia da Nakba é lembrada também em Israel com uma exposição na cidade de Nazaré, na Galiléia, sobre a saída ao exílio e na qual se projeta um documentário de todo o processo. A questão dos refugiados palestinos é uma das mais espinhosas do conflito no Oriente Médio, já que estes exigem retornar a suas casas de 1948, e Israel se nega a aceitá-los dentro de suas fronteiras reconhecidas porque representaria uma reviravolta demográfica que o faria perder sua identidade como Estado judeu. Os refugiados palestinos dispersos por todo o mundo são hoje cerca de quatro milhões, segundo números da agência da ONU de Ajuda aos Refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).

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