Por decisão da Justiça, anunciada nesta sexta-feira, 15, o homem de 37 anos que admitiu ser o autor do ataque fatal com arco e flechas na Noruega, Espen Andersen Bråthen, foi enviado aos serviços médicos “após uma avaliação de seu estado”.
Ele ficará detido durante quatro semanas em isolamento total numa instalação médica, decidiu a juíza Ann Mikalsen. Bråthen “foi entregue aos serviços de saúde na noite de quinta-feira, após uma avaliação de seu estado de saúde”, disse a procuradora Ann Iren Svane Mathiassen à AFP. "Ele nos disse porque o fez (o ataque), mas não podemos dizer nada ao público sobre seus motivos neste momento", completou a procuradora.
As autoridades têm dúvidas sobre a saúde mental, e por consequência da responsabilidade penal, de Espen Andersen Bråthen, dinamarquês que admitiu ter assassinado cinco pessoas — além de ter deixado outras três feridas — na quarta-feira em Kongsberg, uma pequena cidade de 25.000 habitantes a cerca de 80 km a oeste de Oslo.
O ataque durou 35 minutos antes de a polícia prender o agressor.
Na quinta-feira, Bråthen começou a passar por uma avaliação psiquiátrica. As conclusões só devem ser divulgadas nos próximos meses, assim como o julgamento do caso.
Em caso de decisão positiva, ele não será detido, e sim colocado sob responsabilidade dos médicos, informou a promotoria.
As autoridades norueguesas afirmaram que o ataque de quarta-feira tem a marca de um “ato terrorista”, mas também não descartam a possibilidade de ter sido cometido por alguém com distúrbios mentais.
Quatro mulheres e um homem, todos com idades entre os 50 e 70 anos, foram mortos no que parecia ser um “ato de terror” aleatório, segundo a polícia. Três outros, incluindo um agente da polícia que estava fora de serviço, foram feridos.
“Não há dúvidas de que o ato em si apresenta indícios que sugerem que pode ser um ato terrorista, mas agora é importante que a investigação avance e que se esclareça a motivação do suspeito”, afirmou na quinta-feira o comandante do Serviço de Segurança Norueguês (PST), Hans Sverre Sjøvold.
“É uma pessoa com idas e vindas no sistema de saúde durante algum tempo”, acrescentou Sjøvold.
O dinamarquês é um convertido ao Islã, que já havia demonstrado sinais de radicalização, segundo a polícia, que o monitorou até 2020.
De acordo com a imprensa norueguesa, Bråthen foi condenado duas vezes no passado: uma proibição no ano passado de visitar dois familiares depois de ter ameaçado matar um deles e um roubo e compra de haxixe em 2012.
Nas redes sociais circula um vídeo de 2017, no qualo homem faz uma profissão de fé. "Eu sou um mensageiro. Vim com um aviso: é realmente o que quer? (...) Vós sois testemunhas de que sou muçulmano", declara ele ameaçadoramente.
O novo primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, deverá visitar a pequena cidade, ainda muito abalada, nesta sexta-feira. Flores e velas foram colocadas nas ruas em honra das vítimas.
"Estou totalmente desolado. Nunca vou superar isto", disse Svein Westad, um aposentado de 75 anos, à AFP enquanto caminhava ao longo da rua onde dois dos seus vizinhos morreram.
"Deviam tê-lo apanhado imediatamente", acrescentou, referindo-se à polícia, que foi criticada por ter demorado mais de 30 minutos para prender o agressor.
Um vizinho que solicitou anonimato descreveu o suspeito como uma pessoa sombria. "Nunca sorria, não tinha nenhuma expressão em seu rosto", disse ele à AFP. Ele cpompletou ainda que o homem estava "sempre sozinho".
O número de mortos no ataque em Kongsberg, na última quarta foi o pior de todos os ataques na Noruega desde 2011, quando o extremista de extrema-direita Anders Behring Breivik matou 77 pessoas, a maioria das quais adolescentes. /AFP e REUTERS