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Biden pede a militares de Mianmar que ‘renunciem ao poder’

'Não há dúvidas: em uma democracia, a força não pode ser usada contra a vontade do povo', disse Biden em um discurso no Departamento de Estado

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta quinta-feira, 4, aos militares de Mianmar que “renunciem ao poder” no país asiático e libertem os líderes e ativistas detidos após o golpe de Estado desta semana. Biden deu a declaração em seu discurso sobre política externa no Departamento de Estado, no qual tratou de vários temas. 

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“Os militares birmaneses devem renunciar ao poder que tomaram, libertar os ativistas e funcionários que detiveram, suspender as restrições às telecomunicações e evitar a violência”, disse Biden, que falou horas depois de a Casa Branca anunciar que estava considerando “sanções específicas” contra os perpetradores militares do golpe. “Não há dúvidas: em uma democracia, a força não pode ser usada contra a vontade do povo”, acrescentou o presidente.

O Exército encerrou a frágil transição democrática do país na segunda-feira, 1º, impondo o estado de emergência por um ano e prendendo a conselheira de Estado e ganhadora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi e outros líderes de seu partido, a Liga Nacional para a Democracia (NLD).

Joe Biden discursa no Departamento de Estado, em Washington Foto: Evan Vucci/AP

No mesmo dia, Biden ameaçou punir o país pelo golpe e pediu apoio da comunidade internacional. “Por quase uma década, o povo de Mianmar tem trabalhado constantemente para estabelecer eleições, o governo civil e a transferência pacífica do poder. Esse progresso deve ser respeitado”, disse.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que fará tudo o que puder para que a comunidade internacional “exerça pressão suficiente” sobre Mianmar para garantir um “fracasso” do golpe de Estado. O Conselho de Segurança expressou, por sua vez, sua “profunda preocupação” e pediu “a libertação de todos os detidos.”

Os generais de Mianmar ordenaram nesta quinta-feira, 4, que os provedores de internet bloqueassem o acesso ao Facebook, uma ferramenta de comunicação essencial no país, três dias após o golpe. De acordo com uma carta do Ministério das Comunicações e Informação tornada pública, a plataforma, assim como Messenger, Instagram e WhatsApp, devem permanecer bloqueados até pelo menos o próximo domingo, 7, por uma questão de “estabilidade”.

Nesta quinta-feira, 4, centenas de partidários do Exército se reuniram na capital. “Não queremos mais traidores nacionais vendidos a países estrangeiros” e “a Tatmadaw (as forças armadas) ama o povo”, diziam alguns cartazes.Não longe dali, 70 deputados da LND assinaram um “compromisso para servir ao povo” e organizaram uma sessão parlamentar simbólica para denunciar a tomada de controle do Parlamento.Nas ruas, multiplicaram-se os sinais de resistência contra o golpe de Estado, condenado por muitos governos ocidentais.

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O medo de retaliação persiste em Mianmar, país que viveu sob uma ditadura militar por quase 50 anos desde sua independência em 1948. Depois do período ditatorial entre 192 e 2011, o governo de Barack Obama (2009-2017), no qual Biden foi vice-presidente, considerou o país um caso de sucesso na caminhada para democracia./AFP

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